França anuncia a libertação de oficial francês detido pelas autoridades golpistas do Níger

Stephane Julien, preso pelas forças nigerinas em 8 de setembro, representava os interesses dos expatriados franceses na embaixada francesa em Niamei

Na quinta-feira (14), a França anunciou que Stephane Jullien, um funcionário do governo francês, foi libertado após ter sido detido pelas forças de segurança no Níger. Ele ocupava o cargo de conselheiro de cidadãos franceses no país africano, que recentemente sofreu um golpe de Estado, e estava preso desde o dia 8 de setembro. As informações são da rede CNN.

A chancelaria havia feito um apelo na terça-feira (12) pela libertação imediata de Jullien, um empresário radicado no país que mantinha uma forte parceria de trabalho com as embaixadas e consulados em Niamei, mas não divulgou detalhes sobre as circunstâncias de sua prisão.

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, há um total de 442 conselheiros em serviço ao redor do mundo. A principal função deles é oferecer assistência a cidadãos franceses expatriados em questões como trabalho, educação, seguridade social e outras preocupações. Esses conselheiros são eleitos para mandatos de seis anos.

Vista de Niamei, capital do Níger (Foto: WikiCommons)

No mês passado, o governo do Níger emitiu uma ordem para que a polícia expulsasse o embaixador francês, o que gerou uma crise nas relações entre a França e sua antiga colônia. Paris argumentou que os militares que assumiram o controle em Niamei após derrubarem o presidente eleito Mohamed Bazoum  no final de julho “não possuíam autoridade” para expulsar Jullien.

Desde o golpe liderado pelo general Abdourahamane Tchiani em 26 de julho, sob a alegação da “deterioração da situação de segurança” no país devastado pela ação de grupos jihadistas, as operações de contraterrorismo conduzidas pelos franceses, sob o comando do Estado-Maior nigerino, foram suspensas.

Com isso, mais de 1,5 mil soldados franceses foram obrigados a deixar o território. Esses militares anteriormente participavam do esforço internacional de combate ao terrorismo na região do Sahel.

Por que isso importa?

Em 26 de julho, o Níger foi palco de um golpe de Estado, no qual o general Abdourahamane Tchiani, alegando “deterioração da situação de segurança” no país devastado pela ação de grupos jihadistas, se autodeclarou líder nacional dois dias depois após destituir o presidente democraticamente eleito Mohamed Bazoum. 

A ascensão ao poder de Bazoum, eleito no final de fevereiro de 2021, marcou uma transferência pacífica de poder histórica no Níger desde sua independência da França em 1960. Ele agora encontra-se sob custódia da guarda presidencial no palácio da presidência e pode ser julgado sob a acusação de “alta traição”.

O político é reconhecido como um aliado fundamental nos esforços ocidentais para combater a insurgência islâmica na região do Sahel, e Niamei é um dos principais beneficiários da ajuda externa.

Apesar dos apelos de diversos países e blocos regionais, clamando pela reinstauração do presidente deposto, Tchiani rejeitou tais chamados, argumentando que configuram “interferência nos assuntos internos do país”.

Um dos países mais pobres do mundo, conforme classificação da ONU (Organização das Nações Unidas), o Níger luta contra o alastramento do Boko Haram, ligado à Al-Qaeda, e do ISWAP (Estado Islâmico da África Ocidental), ambos da Nigéria, que já expandiram sua atuação para a nação vizinha.

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