Acusados pelo governo da Etiópia de terrorismo, fraude e incitação de confrontos étnicos, 24 oposicionistas foram ao tribunal nesta segunda-feira (21) para apresentar sua defesa.
O governo do premiê Abiy Ahmed afirmou no sábado (19), por meio da procuradoria-geral, que o grupo é responsável pelos protestos violentos após o assassinato do cantor Haacaaluu Hundeessaa, em 29 de junho.
Em menos de dois meses, mais de 200 pessoas morreram nas manifestações, que tomaram a capital Adis Abeba.
O político e ativista Jawar Mohammed, da província de Oromia e principal crítico de Abiy, está entre os acusados. “A razão pela qual fui detido é apenas porque desafiamos o governo”, disse Jawar à corte.
“Estou muito orgulhoso de ser acusado pela lei antiterrorista”, reiterou. Segundo o oposicionista, “100% da Etiópia” sabe que ele não é culpado de terrorismo. “Nunca cometi nenhum tipo de crime”, completou.
O grupo não fez apelos formais perante o tribunal, informou a advogada de Jawar, Tuli Bayyisa, ao jornal “The Jakarta Post”. À corte, o governo etíope apresentou documentos com detalhes das acusações.
Protestos e perseguições
Desde o início dos protestos, as autoridades da Etiópia detiveram mais de nove mil pessoas. Organizações de direitos humanos já acusam Abiy de usar as manifestações para perseguir e prender oposicionistas políticos.
Especialistas preveem mais violência se o governo não apresentar evidências das acusações aos líderes de oposição de Oromo. “Se eles forem condenados, haverá revolta generalizada“, disse o analista da International Crisis Group William Davison.
Mais repressão pode prejudicar as eleições nacionais, agendadas para o próximo ano, e consideradas um marco na transição democrática do país.