Governo da Etiópia acusa 24 oposicionistas de ‘terrorismo’ após protestos

Principal opositor do premiê Abiy Ahmed, Jawar Mohammed, foi acusado por liderar manifestações em julho

Acusados pelo governo da Etiópia de terrorismo, fraude e incitação de confrontos étnicos, 24 oposicionistas foram ao tribunal nesta segunda-feira (21) para apresentar sua defesa.

O governo do premiê Abiy Ahmed afirmou no sábado (19), por meio da procuradoria-geral, que o grupo é responsável pelos protestos violentos após o assassinato do cantor Haacaaluu Hundeessaa, em 29 de junho.

Em menos de dois meses, mais de 200 pessoas morreram nas manifestações, que tomaram a capital Adis Abeba.

O político e ativista Jawar Mohammed, da província de Oromia e principal crítico de Abiy, está entre os acusados. “A razão pela qual fui detido é apenas porque desafiamos o governo”, disse Jawar à corte.

O oposicionista de Abiy Ahmed, Jawar Mohammed, em pronunciamento sobre os protestos na região etíope de Oromia, em maio de 2017 (Foto: Creative Commons/Dotohelp)

“Estou muito orgulhoso de ser acusado pela lei antiterrorista”, reiterou. Segundo o oposicionista, “100% da Etiópia” sabe que ele não é culpado de terrorismo. “Nunca cometi nenhum tipo de crime”, completou.

O grupo não fez apelos formais perante o tribunal, informou a advogada de Jawar, Tuli Bayyisa, ao jornal “The Jakarta Post”. À corte, o governo etíope apresentou documentos com detalhes das acusações.

Protestos e perseguições

Desde o início dos protestos, as autoridades da Etiópia detiveram mais de nove mil pessoas. Organizações de direitos humanos já acusam Abiy de usar as manifestações para perseguir e prender oposicionistas políticos.

Especialistas preveem mais violência se o governo não apresentar evidências das acusações aos líderes de oposição de Oromo. “Se eles forem condenados, haverá revolta generalizada“, disse o analista da International Crisis Group William Davison.

Mais repressão pode prejudicar as eleições nacionais, agendadas para o próximo ano, e consideradas um marco na transição democrática do país.

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