O imã Mahmoud Dicko tem liderado os protestos em massa que exigem a demissão do presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, nos últimos meses.
Chamado de “imã do povo”, Dicko é considerado o chefe de fato da oposição no Mali, segundo a Al-Jazeera. O religioso já é sondado pela Ecowas (Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental, em português).
No ano passado, a autoridade religiosa muçulmana já havia mobilizado dezenas de milhares de pessoas para pedir a saída do primeiro-ministro malinês.
Defensor do Islã tradicional, Dicko ganhou destaque durante a década de 1990, quando o Mali fez a transição para democracia. Em 2009, liderou com sucesso uma campanha que obrigou o governo a enfraquecer a promoção da igualdade de gênero no país.
O imã também liderou protestos contra o uso de um livro escolar que abordava a homossexualidade. Dicko apoiou a eleição de Keita e tentou mediar impasses envolvendo grupos armados.
O presidente do Mali e o líder religioso romperam as relações após alegações de corrupção no governo. A partir de então, os dois passaram a transitar em lados opostos.
Crise política
A atual insatisfação com a situação econômica do país, com a corrupção e com o agravamento do conflito armado foi inflamada por disputas eleitorais do pleito de 29 de março deste ano.
A situação preocupa os países vizinhos, já que a instabilidade no Mali poderia enfraquecer a luta contra grupos terroristas. A ação dos insurgentes começou em 2012, durante uma rebelião de separatistas tuaregues que foi tomada pelos jihadistas, e se espalhou para outras nações.