Partidos rivais reivindicam vitória em eleição legislativa na Costa do Marfim

Resultados serão divulgados nesta semana, mas oposição alega conter investida autoritária do governo Ouattara

Partidos rivais reivindicam ao mesmo tempo uma vitória na eleição legislativa na Costa do Marfim, realizada no último sábado (6). Os resultados ainda não foram divulgados pelas autoridades eleitorais, informou a agência France24.

Nesta segunda (8), o presidente, Alassane Ouattara, reeleito em 2020 pela terceira vez, nomeou um aliado para primeiro-ministro. Segundo o mandatário, o chefe de gabinete Patrick Achi substituirá Hamed Bakayoko como interino por motivos de saúde.

O partido de Ouattara, RHDP, afirmou que a sigla conquistou 60% dos assentos da Câmara – o que lhe concederia o direto à escolha do novo premiê. “A tendência eleitoral é de vitória com maioria confortável”, disse o vice-líder do partido, Adama Bictogo.

Partidos opositores reivindicam vitória em eleição legislativa da Costa do Marfim
O presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, em janeiro de 2021 (Foto: Divulgação/Facebook/Governo da Costa do Marfim)

O movimento, porém, fez com que opositores também lançassem suas reivindicações de vitória. O partido de oposição de centro-direita PDCI (Partido Democrático da Costa do Marfim) alegou que sua coalizão conquistou 128 dos 225 assentos da Assembleia Nacional.

“E alertamos: os resultados preliminares estão cheios de irregularidades”, disse Niamkey Koffi, oficial da sigla. Mais de 1,5 mil candidatos disputaram os votos de sete milhões de eleitores – pouco mais de um quinto da população do país.

O principal objetivo dessa declaração de vitória é evitar que Ouattara e o RHDP consolidem seu poder absoluto no país, afirmou o ex-presidente e líder da oposição Laurent Gbagbo, presidente entre 2000 e 2010.

A Comissão Eleitoral deve divulgar os resultados oficiais até o final da semana. A participação, porém, foi de apenas 20% por “medo da violência”, relatou a agência catari Al-Jazeera.

A votação é um “teste-chave” para a estabilidade do país. Nas eleições de outubro, 87 pessoas morreram em protestos após Ouattara alegar vitória com 94% dos votos.

Coalizão contra Ouattara

Derrotados no pleito presidencial, os dois grandes rivais de Ouattara, Henri Konan Bedie e o ex-presidente Gbagbo se apresentaram como candidatos parlamentares em uma lista conjunta.

Gbagbo deixou o cargo após uma guerra civil pós-eleitoral e alegações do concorrente, Ouattara, de que houve fraude. O conflito matou três mil pessoas e deixou uma profunda lacuna entre os partidos do país, maior produtor de cacau do mundo.

O ex-presidente Gbagbo chegou a ser acusado pelo Tribunal de Haia, na Holanda, por crimes de guerra e foi absolvido em janeiro de 2019.

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