O presidente dos EUA, Donald Trump, concordou nesta quinta (10) em reconhecer a soberania do Marrocos sobre o território disputado de Saara Ocidental. Mas, em troca, Rabat terá que normalizar as relações com Israel, reportou a Al-Jazeera.
Com a recente escalada do conflito entre marroquinos e saarauis, os EUA tomaram partido na disputa pela primeira vez na história. Washington conferirá reconhecimento ao Marrocos da posse do vizinho ao sul em troca da normalização de laços entre o país e o Estado judeu.
Assim, Marrocos deve ser o último país árabe a estabelecer relações com Tel Aviv até Trump deixar a presidência, em janeiro.
Emirados Árabes Unidos e Bahrein já oficializaram a cooperação, enquanto o Sudão assinou o acordo no último dia 23 de outubro. A moeda de troca, nesse caso, é a retirada do país da lista de patrocinadores do terrorismo.
O reconhecimento da região como parte do Marrocos, porém, alimenta o risco de guerra na já sensível região. Ainda que a ONU e a União Europeia não reconheçam a independência do território, a maioria dos países africanos apoiam formalmente a república saaraui.
O Marrocos controla a maior parte do país, incluindo a costa atlântica, enquanto a Frente Polisário se resume a partes do interior do deserto.
Em 1979, uma resolução da ONU reconheceu o direito da população do Saara Ocidental à independência. A comissão aponta a Frente Polisário como sua representante e “deplora profundamente” a ocupação marroquina.
Assim, o reconhecimento dos EUA à soberania do Marrocos abre precedentes a um novo confronto armado regional – e uma possível abertura para grupos extremistas islâmicos que já se espalham pela África, apontou o “The New York Times”.
Entenda o conflito
Quando a Espanha saiu da região, em 1975, deixou para trás um conflito sobre a soberania da Mauritânia, Marrocos e Frente Polisário. À frente da República Árabe Saaraui Democrática, os polisários reataram com a Mauritânia em 1979.
Restou o Marrocos, que manteve a disputa pelo território até 1991, quando um acordo mediado pela ONU estabeleceu um cessar-fogo na região. Um referendo deveria dar um ao conflito, mas a proposta nunca saiu do papel.
Em novembro, o exército marroquino lançou uma operação militar na faixa de proteção de Guerguerat, sob patrulha da ONU (Organização das Nações Unidas), ao alegar “provocações” de membros do grupo separatista.
A região de Saara Ocidental abriga cerca de 500 mil pessoas, apesar do aumento de marroquinos, incentivados por Rabat.