China é único país em condições de ‘derrubar a ordem internacional’, diz almirante dos EUA

John Aquilino alerta para o rápido avanço do Exército de Libertação Popular e projeta uma invasão a Taiwan até 2027

O atual processo de desenvolvimento do Exército de Libertação Popular (ELP), da China, segue um ritmo que não se via desde a Segunda Guerra Mundial, e o objetivo de Beijing é ter suas forças em condições de invadir Taiwan até 2027. A avaliação foi feita pelo almirante John Aquilino, líder do Comando Indo-Pacífico das Forças Armadas dos EUA, que falou ao Congresso norte-americano. As informações foram primeiro pelo site Business Insider.

O militar, cujo depoimento foi publicado em um documento não confidencial, declarou que a ameaça não se limita à China. Rússia e Coreia do Norte, disse ele, estão igualmente adotando “medidas sem precedentes que desafiam as normas internacionais e promovem o autoritarismo.”

“Estes regimes adversários estão cada vez mais interligados, o que é evidente na declaração de Xi e Putin de uma ‘amizade sem limites‘, bem como nas entregas de material de Kim Jong-un a Putin em apoio à invasão ilegal da Ucrânia”, afirmou o militar. “No entanto, a RPC (República Popular da China) é o único país que tem condições, capacidade e intenção de derrubar a ordem internacional.”

Almirante John Aquilino: nem os EUA competem com o avanço militar chinês (Foto: U.S. Navy/Divulgação)

No depoimento, Aquilino reforça alertas feitos recentemente por especialistas e pelo próprio governo norte-americano de que o ELP tem se desenvolvido em um ritmo muito rápido, que nem mesmo os EUA, com o maior orçamento militar do mundo, conseguem equiparar.

“Mesmo num contexto de abrandamento do crescimento econômico, a RPC continua a sua agressiva construção militar, modernização e operações coercivas na zona cinzenta”, declarou a autoridade.

Aquilino, então, destacou o que parece ser a principal meta do Partido Comunista Chinês (PCC) por trás da modernização militar. “Todas as indicações apontam para que o ELP cumpra a diretiva do presidente Xi Jinping de estar pronto para invadir Taiwan até 2027″, disse. “Além disso, as ações do ELP indicam a sua capacidade de cumprir o calendário preferido de Xi para unificar Taiwan com a China continental pela força, se assim for orientado.”

Crescimento militar vertiginoso

A modernização do ELP não dá sinais de recuo, com o orçamento de defesa da China projetado para mais uma vez aumentar 7,2% neste ano. De acordo com o Instituto Internacional de Investigação para a Paz de Estocolmo (Sipri, na sigla em inglês), os gastos reais de Beijing com suas Forças Armadas foram de  US$ 292 bilhões em 2022, o que inclui não só a verba declarada, mas também os gastos que o governo chinês não considera oficialmente.

Na comparação com o primeiro ano de Xi no poder, o salto no investimento militar é gigante. O Spiri diz que o gasto com defesa em 2022 foi 63% maior que em 2013, embora o aumento do orçamento venha sendo registrado anualmente, sem interrupção, desde ao menos 1989. Atualmente, o investimento só não é mais alto devido aos problemas enfrentados pela economia chinesa, justamente como disse Aquilino.

Segundo o think tank Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS, na sigla em inglês), o investimento militar da China é focado sobretudo em munições e novas tecnologias e deixa para trás até mesmo os EUA, cujo orçamento de defesa em 2022 foi de US$ 877 bilhões, conforme os dados do Sipri.

O CSIS afirma que a base industrial de defesa dos EUA “carece de capacidade” para “satisfazer as necessidades de produção” de suas Forças Armadas e compromete as defesas do país contra seus principais rivais. Mais uma vez, a avaliação é compatível com o depoimento do almirante norte-americano ao Congresso.

“A complexidade das ameaças que enfrentamos exige que os EUA mobilizem todo o governo e utilizem todos os elementos do poder nacional para combater as potências revisionistas e os seus representantes empenhados em derrubar a ordem baseada em regras, em benefício deles próprios e à custa de todos os outros”, disse o militar. “No entanto, temos de reconhecer que os desafios mais perigosos à segurança nacional estão evoluindo mais rapidamente do que os nossos atuais processos governamentais nos permitem enfrentá-los.”

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