O Partido Comunista Chinês (PCC) decidiu aumentar novamente o orçamento de defesa nacional em 7,2% neste ano, repetindo assim a meta estabelecida em 2023. A decisão foi tomada durante as “Duas Sessões”, um evento legislativo anual no qual a elite política do país se reúne para estabelecer as metas políticas nacionais. As informações são da agência Reuters.
No ano passado, o orçamento militar da China foi de 1,67 trilhão de yuans (R$ 1,17 trilhão), o segundo maior do mundo, atrás somente dos EUA, que gastam cerca de três vezes essa quantia.
Porém, os valores chineses estabelecidos oficialmente são apenas uma fração do que o país efetivamente gasta com o Exército de Libertação Popular (ELP), vez que os números não consideram os investimentos em pesquisa e desenvolvimento e as compras de armas produzidas no exterior.
O novo aumento, anunciado nesta terça-feira (5), mantém a tendência do governo do presidente Xi Jinping, que tem a modernização do ELP como uma de suas principais plataformas. Para se ter ideia, em 2013, primeiro ano dele no poder, o orçamento de defesa era de 720 bilhões de yuans (R$ 495 bilhões em valores atuais).
Como resultado desse processo de modernização, o ELP ostenta hoje a segunda maior Marinha do mundo em numero de embarcações militares, atrás apenas da Rússia, e sua Força Aérea cresce rapidamente a ponto de rivalizar com qualquer potência. Já o Exército permanente chinês tem cerca de dois milhões de soldados e é o maior do mundo.
De quebra, o país atingiu em maio de 2023 a marca de 500 ogivas nucleares em seu arsenal, bem acima de projeções anteriores, de acordo com a Reuters. E não mostra qualquer sinal de desaceleração, com a meta de atingir 1,5 mil ogivas nucleares até o ano 2035, conforme projeção do Pentágono relatada pela agência Associated Press em novembro de 2022.
Com a modernização militar em mente, o orçamento de defesa no governo de X Jinping tem aumentado anualmente em um ritmo superior ao do crescimento econômico do país. Isso mais uma vez será registrado em 2024, com a meta de alavancar a economia em 5% neste ano, igualmente revelada na abertura das “Duas Sessões”.
A anexação de Taiwan
A corrida armamentista com os EUA é apenas uma justificativa indireta para o alto investimento militar chinês. Por trás desses números está Taiwan, uma questão territorial sensível para Beijing. A queda de braço com o Ocidente devido à pretensa autonomia da ilha gera um ambiente tenso, com a ameaça crescente de uma invasão pelo ELP a fim de anexar formalmente o território taiwanês.
Um novo sinal de alerta foi endereçada à ilha no evento legislativo, com a exclusão do termo “unificação pacífica” do relatório governamental de trabalho divulgado pelo primeiro-ministro Li Qiang. A abordagem hostil derruba inclusive uma manifestação de Xi no 20º Congresso do PCC, em outubro de 2022, quando prometeu que “continuaremos a lutar pela reunificação pacífica”.
Agora, o governo chinês parece mais alinhado com a segunda parte do discurso do presidente naquela oportunidade: “Nunca prometeremos renunciar ao uso da força. E nos reservamos a opção de tomar todas as medidas necessárias”, disse ele em 2022.