Abusos contra uigures são ‘crime contra a humanidade’, defende The Economist

Perseguição é exemplo mais grave de ataque mundial aos direitos humanos, aponta editorial da edição de sábado (17)

As denúncias de abusos contra os uigures, minoria muçulmana chinesa foram definidas como “crime contra a humanidade” pela revista semanal britânica “The Economist”, em um editorial na edição do último sábado (17).

A perseguição é o exemplo mais grave do que o jornal inglês denomina de “ataque mundial aos direitos humanos”.

Ainda que Beijing negue o uso de “campos de detenção” como prisões em Xinjiang, aumentam as evidências de abusos sobre a minoria, de 12 milhões de muçulmanos de língua túrquica, na China.

Especialistas apontam abusos contra uigures como 'crime contra a humanidade'
Crianças uigures em local não identificado da província chinesa de Xinjiang, em abril de 2009 (Foto: CreativeCommons)

Investigações recentes identificam estruturas “apagadas” em aplicativos de geolocalização e ao menos 380 novos campos na província de Xinjiang desde 2017.

Vítimas já relataram abusos nesses locais, inclusive medidas de controle de natalidade forçado contra a população uigur. O governo de Xinjiang, controlado pela administração central chinesa, nega a esterilização forçada.

De acordo com testemunhas, os uigures detidos são treinados para, supostamente, “renunciar ao extremismo” – em outras palavras, à religião muçulmana.

“Uma testemunha relatou que os guardas perguntam aos prisioneiros se existe um Deus e batem em quem confirma”, diz o material publicado pela The Economist. “Os campos são apenas parte de um vasto sistema de controle social“.

Uma pequena fração de uigures realizou, em 2014, um ataque terrorista com homem-bomba em um mercado de Xinjiang. À época, 43 pessoas morreram. Em consequência, o governo chinês teria imposto sessões de doutrinação a toda população.

“A perseguição e abusos aos uigures são um crime contra a humanidade”, definiu a revista inglesa. “Implica na transferência forçada de pessoas, detenção de um grupo identificável e desaparecimento de indivíduos”.

No editorial, a “The Economist” pede aos países ocidentais que “tomem medidas” contra as violações.


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