Europa e América do Norte devem sofrer mais danos pela poluição do ar, segundo a ONU

Em 2021, 96% da população urbana da União Europeia foi exposta à poluição por partículas finas acima do nível recomendado pela OMS

Os países da Europa e da América do Norte devem sofrer danos de longo prazo causados pela poluição do ar à saúde humana, ao ecossistemas e à agricultura. Um quadro que agrava a mudança climática, segundo dados são de um novo relatório da Convenção do Ar da Comissão Econômica das Nações Unidas para a Europa (Unece).

Para evitar que isso aconteça, o estudo recomenda mais medidas de redução de emissões aplicadas em setores como agricultura, energia, transporte e navegação. A lista inclui ainda amplas mudanças sociais em áreas como alimentação e calefação. O levantamento foi preparado nos últimos três anos pelos principais cientistas e formuladores de políticas da Europa.

Registro da poluição atmosférica severa em Anyang (Foto: V.T. Polywoda/Flickr – divulgação)

A secretária executiva da Unece, Olga Algayerova, explica que como a legislação atual na região europeia e na América do Norte não será suficiente para atingir essas metas. Para proteger a saúde e os ecossistemas da poluição do ar, será preciso mudar em setores-chave.

Para ela, propostas que considerem a mudança climática, perda de biodiversidade, energia, transporte, agricultura e políticas de gestão de nitrogênio podem oferecer as reduções de emissões mais substanciais e econômicas.

O monitoramento confirma que as ações de redução de emissões resultaram em concentrações mais baixas para a maioria dos poluentes. Os ecossistemas aquáticos e terrestres sinalizaram alguma recuperação da acidificação desde a década de 1990. No entanto, ainda existem riscos causados pela deposição de nitrogênio em mais de 50% dos ecossistemas da Europa.

As reduções de emissão de nitrogênio, especificamente amônia da agricultura, precisam ser maiores para permitir a recuperação dos ecossistemas e prevenir os efeitos de desequilíbrios de nutrientes na qualidade das águas superficiais e subterrâneas. Outras áreas são biodiversidade, árvores e resiliência de florestas estressando fatores como seca, incêndios florestais ou surgimentos de pragas.

As temperaturas mais altas devido à mudança climática agravam esses efeitos, aumentando a probabilidade desses fatores de estresse, como demonstrado pelos muitos incêndios florestais de verão no Hemisfério Norte, nos últimos dois anos.

Em 2015, o relatório constatou que mais de 90% da população da região europeia estava exposta a níveis de partículas finas que excedem as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), com consequências terríveis para a saúde. Dentre elas, doenças respiratórias e cardiovasculares, câncer e mortes prematuras.

Em 2021, 96% da população urbana da União Europeia (UE) foi exposta à poluição por partículas finas acima do nível recomendado pela OMS.

Além dos riscos à saúde, o excesso de emissões também impacta na agricultura. Em 2015, cerca de 23,8 milhões de toneladas de trigo podem ter sido perdidas por conta da poluição. O volume é maior que a produção anual da Ucrânia, de 21,8 milhões de toneladas.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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