Irã faz ameaça a Zelensky por discurso nos EUA e nega venda de armas à Rússia

Teerã subiu o tom com o líder ucraniano após declaração feita por ele em Washington de que "a Rússia encontrou um aliado em sua política genocida, o Irã"

O Irã rejeitou as acusações do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky de que Teerã forneceu drones à Rússia, feitas em seu discurso ao Congresso dos Estados Unidos, na quarta-feira (21). As informações são da rede Fox News.

O porta-voz de Relações Exteriores, Nasser Kanaani, disse na quinta-feira (22) que Zelensky fez “acusações infundadas” sobre o fornecimento de armas para as tropas de Vladimir Putin. Ele ainda reiterou a alegação de Teerã de que não havia “emitido nenhum equipamento militar para nenhum lado para uso na guerra na Ucrânia“.

“É melhor Zelensky saber que a paciência estratégica do Irã com tais acusações infundadas não é infinita”, disse Kanaani uma comunicado publicado no site do ministério. Em tom de ameaça, também aconselhou o líder ucraniano “a tirar uma lição do destino de alguns outros líderes políticos que se contentaram com o apoio dos Estados Unidos”. 

Zelensky discursou no Congresso dos EUA na quarta-feira (Foto: Nancy Pelosi/Reprodução Twitter)

Os comentários do porta-voz vieram um dia após Zelensky dizer no Congresso norte-americano que “a Rússia encontrou um aliado em sua política genocida, o Irã”. O líder do país invadido acrescentou: “Foi assim que um terrorista encontrou o outro. É apenas uma questão de tempo até eles atacarem outros aliados (de Washington), se não os detivermos agora”.

A Casa Branca divulgou pela primeira vez os planos de Teerã de “presentear” a Rússia com centenas de drones Shahed-136, o chamado “drone kamikaze” no início deste ano. Em agosto, mil aeronaves não tripuladas fornecidas pelo Irã foram enviadas a Moscou.

Em novembro, aviões militares da Rússia teriam levado a Teerã, no Irã, 140 milhões de euros em dinheiro e armamento ocidental apreendido por tropas russas na guerra em curso na Ucrânia. Em troca, Moscou teria recebido alguns dos drones que tem usado atualmente no conflito

Além disso, os governos do Irã e da Rússia firmaram um acordo para que Moscou passe a produzir, com base em projetos iranianos, seus próprios drones de ataque, uma arma que tem sido bastante usada no conflito. A informação foi revelada pela Inteligência de um país não identificado que monitora o programa de armas de Teerã

Durante a visita de Zelensky, os EUA anunciaram mais US$ 1,85 bilhão em ajuda militar à Ucrânia. Embora não tenha o poder de mudar o destino da guerra sozinho e também exija meses de treinamento antes de ser colocado em uso, o principal componente do pacote de armamentos é o avançado sistema de defesa antiaérea Patriot.

Sanções ao Irã

EUA, França e Reino Unido afirmam que o fornecimento de drones pelo Irã viola a Resolução 2231 do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas). Soma-se a isso o fato de serem usados para destruir a infraestrutura essencial ucraniana, o que pode vir a ser considerado crime de guerra.

Por isso, em setembro, Washington chegou a sancionar quatro empresas iranianas acusadas de participar do processo de produção, venda e entrega de drones a Moscou. Elas estão envolvidas em projetos de “pesquisa, desenvolvimento e produção” de drones iranianos e na “supervisão de vários projetos relacionados à defesa”.

União Europeia (UE) e o Reino Unido fizeram o mesmo em outubro. “Esses ataques covardes de drones são um ato de desespero”, disse o secretário de Relações Exteriores britânico James Cleverly ao anunciar as sanções. “Ao permitir esses ataques, esses indivíduos e um fabricante causaram sofrimento incalculável ao povo da Ucrânia. Vamos garantir que eles sejam responsabilizados por suas ações”.

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