Nos EUA, maioria diz apoiar ação militar em caso de invasão da China a Taiwan

Pesquisa conclui também que 69% dos entrevistados apoiam a declaração de independência da ilha em relação à China e o reconhecimento pelos EUA

Uma pesquisa de opinião realizada nos Estados Unidos mostra que mais da metade dos norte-americanos consultados apoia uma ação militar do país a favor de Taiwan em caso de uma invasão chinesa na ilha. De acordo com o Conselho de Assuntos Globais de Chicago, 52% dos entrevistados manifestaram apoio à ideia, segundo a rede Voice of America (VOA).

O resultado mostra um aumento considerável em relação a uma pesquisa semelhante feita em 1982, quando apenas 19% mostraram-se favoráveis à ação militar norte-americana. O resultado mais recente sugere um considerável aumento da conscientização da população dos EUA quanto à relação do país com Taiwan, que Beijing considera parte do seu território.

Nos EUA, maioria diz apoiar ação militar por Taiwan em caso de invasão da China
Vista de Taipé, capital de Taiwan (Foto: Wikimedia Commons)

A pesquisa, realizada com 2.086 adultos acima dos 18 anos, conclui também que 69% dos entrevistados apoiam a declaração de independência da ilha em relação à China e o consequente reconhecimento da emancipação por parte dos EUA.

“Acho que há uma consciência crescente nos Estados Unidos sobre Taiwan e os desafios que enfrenta”, disse Bonnie Glaser, diretora do Programa Asiático do think tank norte-americano German Marshall Fund, com sede em Washington D.C..

Outros números da pesquisa: 30% dos entrevistados enxergam Taiwan como um aliado, e outros 30% enxergam como um parceiro necessário. A pesquisa também aponta que 32% enxergam a China como rival, e 29%, como adversária.

“Embora uma parte significativa dos norte-americanos pareça não estar familiarizada com Taiwan, a maioria parece preparada para reconhecer a independência de Taiwan caso o governo dos EUA mude sua política existente em relação a Taipei”, atesta a pesquisa.

Bloqueio da ilha

crescente embate entre China e Taiwan, porém, pode não terminar em confronto militar, mas sim em um bloqueio total da ilha. É o que apontaram relatórios produzidos pelos EUA e por Taiwan em junho, de acordo com o site norte-americano Business Insider.

O documento, lançado pelo governo taiwanês no ano passado, pontua que Beijing não teria capacidade de lançar uma invasão em grande escala contra a ilha. “Uma invasão provavelmente sobrecarregaria as forças armadas chinesas”, concordou o relatório do Pentágono.

Caso ocorresse, a escalada militar criaria um “risco político e militar significativo” para Beijing. Ainda assim, ambos os documentos reconhecem que a China é capaz de bloquear Taiwan com cortes dos tráfegos aéreo e naval e das redes de informação.

Por que isso importa?

Taiwan é uma questão territorial sensível para os chineses, que não admitem que a ilha autônoma seja tratada como país independente. Relações exteriores do gênero, para Beijing, estão em desacordo com o princípio defendido de “Uma Só China“, que trata também Hong Kong como território chinês.

Diante da aproximação do governo taiwanês com os Estados Unidos, a China endureceu sua retórica contra as reivindicações de independência da ilha autônoma no ano passado, e as tensões geopolíticas escalam com rapidez na região.

Jatos militares chineses passaram a realizar exercícios militares nas regiões limítrofes com Taiwan, enquanto Beijing deixou claro que não aceitará a independência do território “sem uma guerra”.

Enquanto isso, China e EUA disputam o duelo comercial, financeiro e tecnológico que se acentuou por conta da pandemia.

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