Sob ameaça chinesa, EUA e Filipinas realizarão maior exercício militar em oito anos

Washington tem apertado o cerco contra Beijing na região, com aumento da presença militar e agora os "jogos de guerra" conjuntos

As Filipinas e os Estados Unidos estão se preparando para um dos maiores exercícios militares conjuntos já realizados no arquipélago do Sudeste Asiático, disseram autoridades norte-americanas na terça-feira (14). Washington desembarcou com força na nação insular após anunciar novas bases por lá no começo do mês, apertando ainda mais seu cerco no Pacífico contra a crescente influência da China na região. As informações são da agência Reuters.

Um contingente de aproximadamente nove mil soldados, entre filipinos e americanos, participarão dos exercícios bilaterais anuais entre as Forças Armadas, conhecidos como Balikatan. Os “jogos de guerra” serão realizados de abril a junho e só ficarão atrás dos realizados em 2015, quando mais de 11 mil combatentes de ambos os países participaram.

“Os exercícios envolverão uma infinidade de atividades, não apenas focadas no desenvolvimento de capacidades de combate, mas também funções não tradicionais, como assistência humanitária e resposta a desastres”, detalhou o chefe do Exército filipino, tenente-general Romeo Brawner Jr., em entrevista coletiva nesta quarta.

Membros do Grupo Conjunto de Operações Especiais das Filipinas realizam exercícios de descarga durante o Balikatan 2017 (Foto: U.S. Marine Corps/Divulgação)

O treinamento militar ressalta o estreitamento dos laços com os EUA sob o governo do presidente Ferdinand Marcos Jr. No dia 2 de fevereiro, durante uma visita à nação insular do secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, onde ele esteve em agenda com o filho do ex-ditador Ferdinand Marcos, foi celebrado um acordo que garantirá a Washington o acesso a outras quatro bases militares, além das cinco já presentes no país do Sudeste Asiático.

“Esses exercícios são em resposta a todos os tipos de ameaças que podemos enfrentar no futuro, tanto naturais quanto artificiais”, acrescentou Brawner.

Marcos Jr. convocou o embaixador da China na terça, de modo a manifestar “séria preocupação” com a intensidade e frequência das atividades do país no Mar da China Meridional, o qual Beijing reivindica quase na totalidade.

A convocação vem na esteira de incidentes recentes, como o que aconteceu no último dia 6, quando um navio da guarda costeira chinesa teria lançado um laser “de nível militar” contra membros da tripulação de uma embarcação filipina. O episódio ocorreu na Ilhas Spratlyarquipélago disputado entre Beijing e Manila, embora fique na zona econômica exclusiva (ZEE) das Filipinas. 

Enquanto isso, o Pentágono anunciou que “redobrará seus esforços com nosso aliado filipino” para reforçar as capacidades militares e de defesa da guarda costeira filipina “enquanto trabalhamos lado a lado para defender a ordem internacional baseada em regras”, disse o porta-voz do Departamento de Defesa, brigadeiro-general Patrick Ryder.

Aliança de décadas

Em novembro, Kamala Harris, vice-presidente dos EUA, afirmou que seu país prestaria apoio militar às Filipinas em caso de um ataque da China, com quem Manila trava uma disputa histórica pelo controle das concorridas águas do Mar da China Meridional. 

Um tratado formalizado em 1951 obriga EUA e Filipinas a oferecer ajuda militar ao aliado, com envio de tropas, em caso de ataque a uma das duas nações por uma potência externa.

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