O Suriname elegeu nesta segunda (13) um novo presidente, encerrando a hegemonia de Desi Bouterse, que chegou ao poder pela primeira vez após o golpe de 1980. Após essa ruptura, há 40 anos, Bouterse presidiu o país por sete anos. Retornou há uma década, por via eleitoral.
Segundo o jornal “The New York Times“, Chan Santokhi foi eleito para o cargo pelo Congresso do Suriname. O candidato foi o artífice de uma vitória esmagadora da oposição nas eleições gerais de maio.
Ex-comissário de polícia e ministro da Justiça, Santokhi obteve a maioria dos votos e 20 das 51 cadeiras na Assembleia Nacional.
O novo presidente recebe um país à “beira de um abismo financeiro”, conforme afirmou no Congresso. O país sul-americano também tenta conter a pandemia do novo coronavírus.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), até a última sexta (17), 849 pessoas já foram infectadas pelo vírus e outras 18 morreram no Suriname.
O governo deve ainda reconstruir as relações do Suriname com a Holanda, antiga metrópole e principal parceiro comercial. Nos últimos dez anos, Bouterse transferiu as alianças estrangeiras para a China e a Venezuela.

Condenações
Bouterse foi condenado em 2019 por um tribunal a 20 anos de prisão. O presidente ordenou a execução de 15 adversários que se opuseram à tomada do poder após o golpe de 1980.
Como chefe de polícia, Santokhi chegou a participar das investigações. Com imunidade presidencial, Bouterse evitou a prisão. Ainda não foi definido se ele cumprirá a sentença após deixar o cargo.
Há temores de que os apoiadores de Bouterse provoquem tumultos e tornem a pequena nação ingovernável, caso a prisão seja decretada.
Outra acusações pesam contra Bouterse. Em 1999, um tribunal holandês condenou o ex-presidente a 11 anos de prisão por contrabando de drogas. A sentença nunca foi cumprida.
O presidente surinamês ainda pode ser preso em países onde há tratado de extradição com a Holanda.