Acadêmico chinês é condenado nos EUA por conexão com a inteligência de Beijing

Wang Shujun é acusado de atuar como agente estrangeiro e de compartilhar informações confidenciais com o governo chinês

Na terça-feira (6), os EUA condenaram um acadêmico sino-americano por coletar informações ilegalmente para Beijing. As informações são da agência Reuters.

Wang Shujun, de 76 anos, foi declarado culpado de quatro acusações, incluindo atuar como agente estrangeiro sem informar o procurador-geral dos EUA e mentir para autoridades americanas. A sentença de Wang está marcada para janeiro do próximo ano, e ele pode enfrentar até 25 anos de prisão.

Promotores federais alegaram que Wang se apresentou como um defensor da democracia na China e opositor do Partido Comunista Chinês (PCC) para ganhar a confiança de dissidentes.

Um júri condenou um acadêmico sino-americano por ser um agente estrangeiro, após promotores provarem que ele passou informações para Beijing (Foto: WikiCommons)

Ele mantinha correspondência com ativistas pró-democracia de Hong Kong, defensores da independência de Taiwan e ativistas de grupos étnicos minoritários uigures e tibetanos do oeste da China.

Os promotores acusaram Wang de espionar esses ativistas e de compartilhar informações com o Ministério da Segurança do Estado de Beijing (MSS).

Segundo os promotores, Wang salvou rascunhos de e-mails contendo informações sobre conversas, reuniões e planos de diversos críticos do governo chinês. Oficiais de inteligência chineses podiam acessar esses rascunhos usando uma senha compartilhada.

A acusação afirmou que Wang também redigiu mensagens criptografadas com detalhes sobre eventos pró-democracia futuros e sobre planos para encontros com importantes dissidentes de Hong Kong.

Após o veredito, o procurador Breon Peace afirmou que as evidências confirmam que Wang era um agente secreto do governo chinês. Wang inicialmente negou ter contatos com o MSS, mas depois admitiu que fornecia informações a oficiais de inteligência, alegando que eram de domínio público.

Wang, que imigrou para os EUA em 1994 e foi preso em março de 2022, é defendido por Zachary Margulis-Ohnuma, que argumenta que seu cliente buscava apoio para o movimento pró-democracia, não agia como um agente. O defensor pediu uma sentença que evitasse a prisão para Wang, destacando que ele tem 76 anos e “sempre lutou contra o regime comunista”.

Nos últimos anos, o Departamento de Justiça dos EUA tem combatido o que denomina como “repressão transnacional” por parte de adversários como China e Irã.

Esse termo abrange práticas como vigilância, intimidação e, em alguns casos, tentativas de repatriação ou assassinato de ativistas que se opõem a esses governos.

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