Após infiltração, Wikipedia expulsa editores chineses da plataforma

Usuários estariam editando artigos da plataforma para promover “objetivos da China”, aplicando uma série de filtros às publicações

Após sofrer uma infiltração com objetivos escusos, a Fundação Wikimedia anunciou na última segunda-feira (13) ter banido sete editores chineses na Wikipedia, que, segundo um comunicado oficial, estariam “ameaçando os fundamentos da plataforma”, informou a rede BBC. A organização sem fins lucrativos dos EUA é dona da enciclopédia editada por voluntários.

A medida, que levou um ano de investigações até ser aplicada, também implicou na remoção dos privilégios de administrador de outras 12 pessoas.

“Este caso não tem precedentes”, disse a vice-presidente da fundação, Maggie Dennis, em uma nota aos voluntários.

(Foto: Wikimedia Commons)

Os usuários excluídos integravam um grupo identificado como “Wikimedianos da China Continental” (WMC), que teria cerca de 300 membros. Eles estariam editando artigos da Wikipedia para promover “objetivos da China”, aplicando uma série de filtros às publicações, explicou Dennis.

Em julho, o jornal independente Hong Kong Free Press denunciou o caso, relatando “batalhas entre editores concorrentes” por causa de artigos que abordavam eventos políticos. A situação se agravou com o fechamento do jornal pró-democracia Apple Daily, baseado na cidade semi-autônoma, que ainda resultou na prisão de seus diretores.

Com a repressão à imprensa em andamento, os infiltrados pressionavam pelo uso da mídia estatal chinesa como fonte confiável de notícias sobre reportagens relacionadas aos protestos em Hong Kong, que mobilizaram centenas de milhares de pessoas em 2019 pela democracia.

Em resposta às proibições, uma postagem do WMC acusou a Fundação de contrariar os “sentimentos e opiniões da comunidade”. Contestando o banimento, eles afirmam que as acusações foram baseadas em denúncias não comprovadas. Os wikimedianos também reivindicam direito de resposta dos editores excluídos e acusam a Wikimedia de tentar eliminar a comunidade chinesa da plataforma.

Segundo Dennis, nenhuma das medidas protetivas foi feita para desencorajar os falantes da língua chinesa de ingressar na comunidade ou dos voluntários chineses que trabalharam em prol de “conhecimento livre e aberto” proposta pela enciclopédia colaborativa, que podem ter se arriscado ao fazer isso.

Aos 4 mil usuários de língua chinesa, ela mandou um recado: “estamos comprometidos em apoiá-los na realização deste trabalho no futuro, com as ferramentas de que vocês precisam para ter sucesso em um ambiente seguro, protegido e produtivo.”



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