Em relatório, inteligência dos EUA destaca o aumento do apoio da China à Rússia

Relatório aponta que a China tem se tornado cada vez mais crucial como aliada na estratégia de guerra do Kremlin

A aliança “sem limites” declarada em 2022 é uma realidade: a China fortaleceu seu papel como parceiro econômico crucial para a Rússia desde a invasão da Ucrânia, revelou novo relatório da inteligência dos EUA. Demonstrativo disso é que Beijing está adquirindo mais petróleo e gás russos do que antes, uma forma de auxiliar o país a driblar as represálias econômicas ocidentais. As informações são da rede Radio Free Asia.

O relatório, divulgado pelo gabinete da diretora de inteligência nacional, Avril Haines, destaca que a China está buscando mecanismos de apoio econômico para Moscou, mitigando o impacto das sanções ocidentais e controles de exportação que visam a asfixiar financeiramente Moscou em meio à guerra.

Encontro entre os presidentes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin, em Moscou, junho de 2019 (Foto: Divulgação/Kremlin)

Aumentando a importação de energia russa, incluindo desvios de suprimentos de petróleo e gás da Europa, a China vem se tornando um suporte cada vez mais vital para a Rússia em seu esforço de guerra, detalhou o estudo. Além disso, o relatório apontou a possibilidade de Beijing fornecer tecnologia-chave para Moscou.

Em suas nove páginas, o documentos afirma que Beijing deu um passo significativo ao aumentar o uso de sua moeda, o yuan, e sua infraestrutura financeira nas interações comerciais com a Rússia. Isso tem permitido que entidades russas “conduzam transações financeiras sem enfrentar as restrições impostas pela interdição ocidental”.

Números

O relatório destaca que a China obteve benefícios no acordo com a Rússia. A parceira não foi firmada necessariamente por um desejo chinês de apoiar Moscou, apesar da amizade declarada entre os países, que lideram uma frente consistente para enfrentar o Ocidente.

Em vez de um gesto de amizade, a compra de energia foi impulsionada por grandes descontos no petróleo após o teto de preço de US$ 60 imposto pelo G7 para o combustível fóssil russo. Mesmo com os valores menores, o alto volume de comércio tem fornecido a Moscou a receita necessária para financiar seus esforços de guerra, considerando as sanções ocidentais que afetaram sua economia.

Em 2022, as importações russas da China aumentaram 13%, enquanto as exportações para a China aumentaram 43%, totalizando US$ 114 bilhões em comércio bilateral, um recorde.

A China tornou-se o maior comprador de petróleo bruto russo, superando a Índia, com importações chinesas chegando a dois milhões de barris por dia em maio de 2022, logo após o início da guerra.

Além disso, as exportações de gás liquefeito para a China dobraram em 2022 em comparação com 2021, levando ambos os países a concordarem em construir um segundo gasoduto na Sibéria para acomodar o aumento das exportações de gás natural.

As exportações de microchips da China para a Rússia também cresceram 19%. Porém, o relatório ressalta que a China ainda não consegue fabricar chips avançados competitivos com as opções americanas e ocidentais, especialmente em relação a fins militares, já que os chips frequentemente apresentam falhas.

O relatório, entretanto, isenta a China de fornecer armas à Rússia para seus esforços de guerra. Tal análise contraria reportagem publicada pelo site Politico na segunda-feira (24) sobre venda de material com finalidade militar por empresas chinesas para a Rússia. Diz o site que Beijing “secretamente envia a Moscou equipamento suficiente para equipar um exército.”

No entanto, o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, afirmou que as alegações da reportagem não foram verificadas por Washington.

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