China reduz ensino da língua mongol e população vai às ruas em protesto

Pais são contrários à retirada da língua mongol dos livros didáticos; "se aceitarmos, nossa língua morrerá", dizem

Milhares saíram às ruas na província chinesa da Mongólia Interior para protestar contra a nova política de Beijing que prevê a redução do ensino da língua mongol nas escolas.

As manifestações começaram no último sábado (29), informou o jornal norte-americano “The New York Times”.

O objetivo da China é substituir aos poucos o mongol pelo mandarim em três matérias no ensino fundamental e médio da região, ao norte do país. “Se aceitarmos o ensino em chinês, nossa língua mongol morrerá”, disse a mãe de dois alunos, na cidade de Xilinhot.

Nos protestos, pais e alunos mostravam páginas do livro em chinês que será implantado, sem nenhuma referência à língua do grupo étnico.

O governo de Xi Jinping já aprovou o novo método como parte de um esforço de padronização do currículo escolar chinês. A nova política estabelece que a língua mongol deve ser ensinada, mas reduzida.

Além dos protestos, os mongóis também organizaram petições com centenas de assinaturas, que se espalharam pelas redes sociais.

China reduz ensino da língua mongol e milhares vão às ruas em protesto
Idoso assina petição pela manutenção do idioma local nas escolas da Mongólia Interior, em agosto de 2020 (Foto: Twitter/Ungerni Khooloi)

Padronização

Na segunda (31), o escritório regional de educação da Mongólia Interior emitiu prometeu limitar as mudanças a apenas três disciplinas: língua e literatura, política e história. “O sistema de educação bilíngue existente não mudou”, disse o comunicado.

A tentativa de padronização preocupa os mongóis. Há o receio de que o crescente domínio chinês na região se estabeleça em definitivo por meio das novas gerações que acessam a escola.

Políticas semelhantes vem sendo adotadas em Xinjiang, província no extremo oeste da China. As comunidades uigures, povo de religião muçulmana e língua de origem túrquica, têm sofrido investidas sistemáticas de apagamento cultural.

“Quando você liga a televisão, é tudo chinês, até mesmo os desenhos animados”, disse uma mãe ao jornal norte-americano. “Não precisamos nos preocupar com o fato de nossos filhos não aprenderem chinês.”

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