Alunos vulneráveis não receberam apoio em 40% dos países mais pobres

Menos de 10% dos países analisados têm leis que ajudam a garantir a plena inclusão dos alunos na educação

Cerca de 40% dos países mais pobres do mundo não têm sido capazes de apoiar os alunos em situação de vulnerabilidade durante o fechamento das escolas por causa do novo coronavírus. É o que aponta um relatório da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), divulgado nesta terça (23).

Segundo o Relatório de Monitoramento Global da Educação 2020, menos de 10% dos países analisados têm leis que ajudam a garantir a plena inclusão de crianças na educação.

Em todo o mundo, 258 milhões de jovens foram totalmente excluídos da educação. A pobreza é o principal obstáculo para o acesso dessas crianças ao ensino.

Alunos em vulnerabilidade não receberam apoio em 40% dos países mais pobres
Criança em escola na cidade de Beira, Moçambique (Foto: Eskinder Debebe/UN Photo)

Brasil

Há falhas quanto à infraestrutura das escolas no Brasil. O estudo aponta que 96% das escolas possuem energia elétrica, enquanto 62% têm internet e 54%, computadores. Apenas 28% das unidades de ensino têm infraestrutura adaptada e material para estudantes com deficiência.

A Unesco aponta ainda discriminação no ambiente escolar. Em São Paulo, por exemplo, professores de matemática do 8º ano tiveram mais chances de dar uma nota para que passem de ano para alunos brancos do que aos alunos negros de mesmo nível escolar.

Perspectiva

Nos países de baixa e média renda, os adolescentes dos 20% mais ricos tinham três vezes mais chances de concluir o ensino médio e duas vezes mais probabilidade de terem habilidades básicas de leitura e matemática do que os jovens de lares mais pobres.

Além disso, quase nenhum jovem que vive na zona rural e vem de família pobre completa o ensino médio em pelo menos 20 países. A maioria deles está na África Subsaariana.

Exclusão

A Unesco aponta que muitos países ainda praticam segregação na educação, reforçando estereótipos, discriminação e alienação entre os alunos.

Dois países da África, por exemplo, proíbem que meninas grávidas frequentem as salas de aula. Em diversos países da Europa Central, crianças ciganas são segregadas nas escolas.

Já na Ásia, refugiados, como os rohingya frequentam um sistema de educação paralelo. O relatório aponta ainda que 15% dos pais na Alemanha e 59% de Hong Kong temem que crianças com deficiência perturbem o aprendizado dos demais.

Apenas 41 países em todo o mundo reconhecem a linguagem de sinais. Cerca de 335 milhões de meninas frequentavam escolas que não lhes oferecia água potável, saneamento ou higiene necessária para que elas continuem frequentando as aulas durante a menstruação.

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