EUA aprovam o envio de pacote bilionário de armamento a Taiwan e irritam a China

Beijing prometeu adotar "contramedidas" e insistiu para que os EUA revoguem a venda de armas à ilha

Os Estados Unidos anunciaram na última sexta-feira (2) a entrega de um pacote de armamentos no valor de US$ 1,1 bilhão para Taiwan, com o objetivo de impulsionar as defesas da ilha à medida que as tensões aumentam com Beijing. As informações são do site The Defense Post.

A venda, que levou o governo da China a prometer “contramedidas”, ocorre um mês após a presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, visitar a ilha, o que levou os chineses a lançarem uma demonstração de força que pode ser encarada como teste para uma eventual futura invasão.

O pacote é o maior entregue a Taiwan na administração do presidente Joe Biden. Ele inclui manutenção e atualização do sistema de radar Raytheon, capaz de alertar Taiwan sobre um ataque iminente. Também prevê a entrega de 60 mísseis Harpoon Block II, que podem rastrear e afundar navios se a China lançar um ataque por água, e cem mísseis Sidewinder, um dos pilares das forças armadas norte-americanas.

Exercício militar das forças armadas de Taiwan em setembro de 2021 (Foto: reprodução/Twitter)

“Esta venda de armas não apenas ajudará nossos soldados a lutar contra a coerção da zona cinzenta, mas também aumentará as capacidades de alerta precoce da ilha contra mísseis balísticos de longo alcance”, disse o porta-voz do gabinete presidencial de Taiwan, Chang Tun-han.

Um porta-voz do Departamento de Estado, que aprovou a venda, disse que o pacote é “essencial para a segurança de Taiwan”. E completou: “Pedimos a Beijing que cesse sua pressão militar, diplomática e econômica contra Taiwan e, em vez disso, se envolva em um diálogo significativo com Taiwan”, disse o porta-voz em comunicado.

O anúncio gerou uma resposta ríspida de Beijing. “Ele envia sinais errados para as forças separatistas da independência de Taiwan e compromete gravemente as relações China-EUA e a paz e a estabilidade em todo o Estreito de Taiwan”, disse Liu Pengyu, porta-voz da embaixada chinesa em Washington.

Por que isso importa?

Taiwan é uma questão territorial sensível para a China. Nações estrangeiras que tratem a ilha como nação autônoma estão, no entendimento de Beijing, em desacordo com o princípio “Uma Só China“, que também encara Hong Kong como parte do território chinês.

Embora não tenha relações diplomáticas formais com Taiwan, assim como a maioria dos demais países, os EUA são o mais importante financiador internacional e principal fornecedor de armas do território. Tais circunstâncias levaram as relações entre Beijing e Washington a seu pior momento desde 1979, quando os dois países reataram os laços diplomáticos.

A China, em resposta, endureceu a retórica e tem adotado uma postura belicista na tentativa de controlar a situação. Jatos militares chineses passaram a realizar exercícios militares nas regiões limítrofes com Taiwan e habitualmente invadem o espaço aéreo taiwanês, deixando claro que Beijing não aceitará a independência formal do território “sem uma guerra“.

A crise ganhou contornos ainda mais dramáticos após a visita de Pelosi, primeiro membro da Câmara a viajar para Taiwan em 25 anos, uma atitude que mexeu com os brio de Beijing. Em resposta, o exército da China realizou um de seus maiores exercícios militares no entorno da ilha, com tiros reais e testes de mísseis em seis áreas diferentes.

O treinamento serve como um bloqueio eficaz, impedindo tanto o transporte marítimo quanto a aviação no entorno da ilha. Assim, voos comerciais tiveram que ser cancelados, e embarcações foram impedidas de navegar por conta da presença militar chinesa.

Beijing, que falou em impor “sérias consequências” como retaliação à visita, também sancionou Taiwan com a proibição das exportações de areia, material usado na indústria de semicondutores e crucial na fabricação de chips, e a importação de alimentos, entre eles peixes e frutas. Quatro empresas taiwanesas rotuladas por Beijing como “obstinadas pró-independência” também foram sancionadas.

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