Inúmeras mensagens anti-Beijing grafitadas em Hong Kong aparecem borradas no aplicativo Google Street View, informou o portal norte-americano Quartz na última terça (8).
Os grafites estão na rua Cheung Sha Wan, na área de Kowloon, em Hong Kong. Em 2019, o espaço foi palco de protestos e confrontos entre a polícia e manifestantes que pediam autonomia para a região.
A população de Hong Kong pede que sejam respeitados os termos do acordo de transferência da região dos britânicos para os chineses, assinado em 1997. Na época, Beijing se comprometeu a manter maior liberdade econômica e social no território.
O portal HKFP (Hong Kong Free Press) percebeu primeiro grafites apagados com mensagens como “Xi Jinping deve morrer pelo bem do mundo” e “Liberte Hong Kong, a revolução do nosso tempo”. No aplicativo, os slogans pintados com spray são vistos apenas à distância.
Locais com a palavra “democracia” estão mais escurecidos que o normal. Grafites com a mensagem “lute pela liberdade” também estão borrados. Eles podem ser vistos por outros ângulos, mas a imagem se perde ao focar nas palavras.
Na mesma região, uma estrofe do hino de protesto banido das escolas ‘Glória a Hong Kong’ também aparece borrado, assim como o desenho de suástica e a a frase “anti-Chinazi”, também revelados à distância.
A tensão em Hong Kong começou após protestos da população, que se opõe à crescente influência da China no território e no governo de Carrie Lam, chefe do Executivo no território.
‘Erro no algoritmo’
É possível perceber que a maioria das frases em versões mais atualizadas do Street View. A nova Lei de Segurança Nacional, instituída no início de julho em Hong Kong pela China, pode considerar os grafites subversivos ou separatistas.
Questionado, um representante da Google afirmou à HKFP que o desfoque era um erro no algoritmo. A tecnologia de desfoque é utilizada para obscurecer rostos e placas de veículos, disse.
Já o Quartz entrou em contato com o Google para esclarecer o restante dos grafites borrados, mas, conforme afirmou o site, a empresa não se manifestou até o momento.