Justiça de Singapura acusa cidadão de Bangladesh de financiar o terrorismo

Pena máxima para o financiamento do terrorismo no país asiático é de até dez anos de prisão, além de multa que pode chegar a US$ 500 mil

Um cidadão de Bangladesh, que trabalhava do setor de construção civil em Singapura, foi acusado nesta quinta-feira (23) pela Justiça singapurense de financiar o terrorismo. Ele teria repassado US$ 891 a organizações baseadas na Síria, através de um processo realizado por plataformas online que se repetiu ao menos 15 vezes, segundo o site Yahoo News.

Ahmed Faysal começou a trabalhar em Singapura no início de 2017 e teria se radicalizado no ano seguinte, de acordo com informações do Ministério do Interior. Em um primeiro momento, ele teria sido atraído pela propaganda extremista do Estado Islâmico (EI).

“Em meados de 2019, Ahmed Faysal mudou sua aliança para o Hayat Tahrir Al-Sham (HTS), outro grupo militante lutando para estabelecer um califado islâmico na Síria”, disse o Ministério do Interior de Singapura, em comunicado. A organização foi designada como terrorista em 2018 pelo Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).

A pena máxima para o financiamento do terrorismo em Singapura é de até dez anos de prisão, além de uma multa que pode chegar a US$ 500 mil. Se condenado, Faysal, que está preso preventivamente, cumpriria pena afastado dos demais presos, para evitar que ele divulgue as ideias radicais aos outros detentos.

Agentes da polícia de Singapura (Foto: reprodução/Facebook)

Por que isso importa?

Ações antiterrorismo globais têm enfraquecido os dois principais grupos terroristas do mundo, o Estado Islâmico (EI) e a Al-Qaeda. Já a pandemia de Covid-19 fez cair o número de ataques em regiões sem conflito, devido a fatores como a redução do número de pessoas em áreas públicas. Na tentativa de manter a relevância, as organizações jihadistas têm investido em zonas de conflito, como o continente africano, e isso pode causar um impacto a curto prazo na segurança global, conforme as regras de restrição à circulação são afrouxadas.

O EI, em particular, se enfraqueceu militar e financeiramente, vitimado pela má gestão de fundos por parte de seus líderes e sufocado pelas sanções econômicas internacionais. Porém, a organização ganhou sobrevida graças ao poder de recrutar seguidores online. Atualmente, as ações do EI são empreendidas quase sempre por atores solitários ou pequenos grupos que foram radicalizados e incitados através da internet.

Em 2017, o exército iraquiano anunciou ter derrotado a organização no país, com a retomada de todos os territórios que o EI dominava desde 2014. O grupo, que chegou a controlar um terço do Iraque, hoje mantém apenas células adormecidas que lançam ataques esporádicos. Já as Forças Democráticas Sírias (FDS), apoiadas pelos EUA, anunciaram em 2019 o fim do “califado” criado pelos extremistas no país.

Assim, o principal reduto tanto do EI quanto da Al-Qaeda tornou-se o continente africano, onde conseguem se manter relevante graças à ação de grupos afiliados regionais, como Al-Shabaab, ISWAP, EIGS e Boko Haram. A expansão em muitas regiões da África é alarmante e pode marcar a retomada de força global dessas duas organizações, algo que em determinado momento tende refletir em regiões sem conflito, como Europa e Estados Unidos, alvos preferenciais de ataques terroristas.

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