ONG da Indonésia é sancionada pelos EUA por financiar grupo terrorista islâmico local

World Human Care é acusada de dar suporte financeiro a um grupo extremista islâmico do país asiático ligado à Al-Qaeda

O Departamento do Tesouro dos EUA adicionou à sua lista de sanções financeiras a ONG World Human Care, da Indonésia. A entidade é acusada de dar suporte financeiro a um grupo extremista islâmico do país asiático, o Majelis Mujahidin Indonesia (MMI).

“Ações de entidades como a World Human Care são deploráveis ​​não apenas pelo apoio a organizações terroristas, mas também porque o fazem abusando do trabalho e da reputação de provedores de ajuda humanitária genuínos em todo o mundo”, diz o comunicado do Tesouro que anunciou as sanções.

Associado à al-Qaeda, o MMI foi formado em 2000 e desde então age na Indonésia, sendo responsável por um atentado, em maio de 2012, durante o lançamento de um livro do autor canadense Irshad Manji. O grupo foi listado como terrorista pelos EUA em 12 de junho de 2017.

“Os Estados Unidos estão tomando essa ação para expor e interromper os esforços enganosos do MMI de usar uma suposta ‘organização humanitária’ para fins ilícitos como fachada para coletar e transferir fundos”, disse o subsecretário do Tesouro para Terrorismo e Inteligência Financeira, Brian E. Nelson.

Esquadrão de elite contraterrorismo da Indonésia “Densus 88” (Foto: Wikimedia Commons)

De acordo com o Tesouro, a ONG tem se engajado em atividades humanitárias legítimas, mas “o principal objetivo da organização é servir de cobertura para arrecadar fundos para simpatizantes do MMI na Síria”. Em determinada ocasião, teria enviado dinheiro e equipamentos a um terrorista asiático na Síria.

A ONG realizou eventos perto de Jacarta, capital da Indonésia, cujo objetivo central era arrecadar fundos para elementos ligados à Al-Qaeda. “Em um anúncio no site da World Human Care solicitando doações para um projeto humanitário na Síria, os doadores foram aconselhados a enviar dinheiro para uma conta bancária aos cuidados de um funcionário do MMI”, diz o documento do Tesouro.

As sanções congelam eventuais ativos que os alvos venham a ter nos Estados Unidos, impedindo que cidadãos ou empresas norte-americanos negociem com eles. Mesmo empresas e indivíduos estrangeiros ficam sujeitos a possíveis penalidades caso venham a firmar acordos comerciais com os sancionados.

Por que isso importa?

Ações antiterrorismo globais têm enfraquecido os dois principais grupos terroristas do mundo, o EI e a Al-Qaeda. Já a pandemia de Covid-19 fez cair o número de ataques em regiões sem conflito, devido a fatores como a redução do número de pessoas em áreas públicas. Na tentativa de manter a relevância, as organizações jihadistas têm investido em zonas de conflito, como o continente africano, e isso pode causar um impacto a curto prazo na segurança global, conforme as regras de restrição à circulação são afrouxadas.

O EI, em particular, se enfraqueceu militar e financeiramente, vitimado pela má gestão de fundos por parte de seus líderes e sufocado pelas sanções econômicas internacionais. Porém, a organização ganhou sobrevida graças ao poder de recrutar seguidores online. Atualmente, as ações do EI são empreendidas quase sempre por atores solitários ou pequenos grupos que foram radicalizados e incitados através da internet.

Em 2017, o exército iraquiano anunciou ter derrotado a organização no país, com a retomada de todos os territórios que o EI dominava desde 2014. O grupo, que chegou a controlar um terço do Iraque, hoje mantém apenas células adormecidas que lançam ataques esporádicos. Já as Forças Democráticas Sírias (FDS), apoiadas pelos EUA, anunciaram em 2019 o fim do “califado” criado pelos extremistas no país.

Em janeiro deste ano, o exército norte-americano anunciou ter matado Amir Muhammad Sa’id Abdal-Rahman al-Mawla, principal líder da facção, durante uma operação antiterrorismo na Síria. Foi mais um duro golpe contra o EI, que em 2019 havia perdido o líder anterior, Abu Bakr al-Baghdadi.

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