Pyongyang pede que mães delatem os próprios filhos por consumirem cultura sul-coreana

Governo da Coreia do Norte promete perdão aos jovens denunciados, embora tenha o habito de impor duras penas aos infratores

O governo da Coreia do Norte sugeriu às mães do país que denunciem os próprios filhos caso estes tenham o hábito de consumir conteúdo cultural proveniente da Coreia do Sul, o que é proibido na nação comunista. As informações são da rede Radio Free Asia (RFA).

Pyongyang realizou, entre os dias 3 e 5 de dezembro do ano passado, o quinto encontro nacional de mães, evento ocasional que não ocorria desde 2012. Na reunião, os palestrantes ligados ao governo fizeram a recomendação para que as cidadãs presentes delatassem seus próprios filhos, sob a promessa de perdoar os infratores.

Bandeira da Coreia do Norte exposta em prédio (Foto: WikiCommons)

No mesmo evento, o governo citou os crescentes casos de roubo de suprimentos do governo, inclusive comida, e pediu que a prática seja igualmente combatida pelas famílias. Posteriormente, as pessoas que estiveram no encontro tiveram que realizar palestras em suas comunidades para repassar as orientações, com o objetivo de erradicar elementos antissocialistas.

Punição pesada

Na semana passada, circularam nas redes sociais imagens de dois adolescentes sendo algemados e condenados a 12 anos de trabalhos forçados por terem assistido a episódios de K-dramas, conhecidos pelo público brasileiro como “doramas”, que são séries televisivas sul-coreanas famosas por suas tramas envolventes e pela representação da cultura local.

O entretenimento sul-coreano, incluindo o popular gênero musical K-pop, é proibido pelo regime do ditador Kim Jong-un. Pyongyang alega que a cultura dos vizinhos é uma influência “antissocialista” que “corrompe as mentes dos norte-coreanos” e pode fazer o país “desmoronar como uma parede úmida” caso não seja controlada.

O regime de Kim reprime até mesmo as gírias sul-coreanas disseminadas entre os jovens, incluindo “oppa”, expressão que ganhou fama global pelo vídeo ‘Gangnam Style’, do rapper Psy.

Pelo menos sete pessoas foram executadas em público na Coreia do Norte na última década por distribuírem ou assistirem a vídeos de K-pop. A denúncia foi feita em 2021 pelo grupo de direitos humanos Transitional Justice Working Group, com sede em Seul.

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