Taleban participará de fórum da Nova Rota da Seda, reforçando relações com a China

Autoridades do grupo radical estarão no evento de dez anos da iniciativa chinesa em Beijing nesta semana, evidenciando a crescente relação oficial entre os países

O Taleban irá marcar presença no Fórum para a Cooperação Internacional da Nova Rota da Seda (BRI, da sigla em inglês) nesta semana, sinalizando fortalecimento dos laços da organização radical que controla o Afeganistão com Beijing, mesmo que não tenha sido formalmente reconhecida por nenhum governo desde a tomada do poder local em agosto de 2021. As informação foi dada por um porta-voz do grupo no sábado (14) e repercutida pela agência Reuters.

Autoridades talibãs costumam participar de reuniões regionais, especialmente aquelas relacionadas ao Afeganistão. No entanto, o convite para o multilateral fórum da BRI é visto como algo novo. O evento acontecerá na capital chinesa de terça-feira (17) a quarta-feira (18), e marca o 10º aniversário da ambiciosa iniciativa global de infraestrutura e energia liderada pelo presidente Xi Jinping, cujo objetivo é fomentar o comércio global.

Além disso, Haji Nooruddin Azizi, ministro interino do Comércio e Indústria do Taleban, planeja viajar a Beijing nos próximos dias com o objetivo de convidar grandes investidores locais para uma vista ao país dilacerado por uma crise humanitária. E o território afegão, apesar de seus problemas políticos, é lar de valiosos minerais de terras raras e rico em cobre, ouro e lítio – estimados em até 3 bilhões de dólares em 2010 –, que potencialmente representam uma oportunidade e tanto de investimento para os chineses.

Corredor Wakhan, que liga o Afeganistão à China, é parte de um projeto do BRI  (Foto: Ninara/Flickr)

As empresas chinesas, aliás, já têm feito grandes negócios no país, apesar do pouco retorno, superando os desafios associados à operação sob o regime talibã, num contexto de crescentes ameaças à segurança por parte de outros grupos insurgentes ativos. A Xinjiang Central Asia Petroleum and Gas Co. assinou um contrato multimilionário de 25 anos para extrair petróleo da parte norte do Afeganistão. E os radicais também já buscaram a Huawei para implantar sistema de vigilância em massa.

A China também está em conversas com os talibãs sobre um projeto de mineração de cobre no leste do Afeganistão, que havia sido planejado sob o governo anterior apoiado por estrangeiros. Além disso, Azhizi pretende dar seguimento às negociações em Beijing sobre o projeto de construção de uma estrada no corredor Wakhan, no norte do Afeganistão, que trará um acesso direto à China.

Apesar da aproximação, os talibãs ainda não receberam reconhecimento oficial da China, nem de nenhum outro governo estrangeiro, como governantes de direito do Afeganistão. E a indicação de um embaixador chinês no país, que apresentou em setembro suas credenciais ao primeiro-ministro talibã Mullah Hassan Akhund na capital Cabul não aponta claramente um movimento nessa direção.

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