Crise global e ‘fake news’ impulsionam protestos contra lockdowns

No Gabão, manifestações terminaram com dois mortos; instabilidade prejudica esforço coletivo

A instabilidade econômica e a desinformação gerada pelas chamadas fake news são os principais motivos para os protestos contra os lockdowns, usados para conter o avanço da Covid-19 no mundo, segundo especialistas consultados pela emissora catari Al-Jazeera.

No Gabão, país de 2,1 milhões de habitantes na África Central, uma manifestação popular terminou com dois mortos na sexta-feira (19). Os populares eram contra a medida que restringiu a circulação e ampliou o início do toque de recolher para as 18h.

“É impossível. Saímos do trabalho às 17h e não chegamos antes das 20h em casa”, justificou uma das manifestantes à Reuters. A perspectiva de perder o emprego assusta mais que a explosão de casos de Covid-19, embora a pequena nação registre 130 novos casos diários desde meados de dezembro.

Segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional), o desemprego disparou desde o início da pandemia e a recessão global foi de 4,4% em 2020. A retração econômica é a maior desde a Grande Depressão de 1930.

Economia instável e fake news fomentam protestos contra restrições à Covid-19
Profissional da saúde atende a família em Maho, comunidade em Madagascar, em registro de janeiro de 2021 (Foto: Unicef/Safidy Andrianantenaina)

Desinformação

“Quando as pessoas sentem que não têm controle sobre uma situação, ou quando sentem incerteza, tendem a ficar mais angustiadas e violentas”, disse o psicólogo clínico Joshua Klapow à Al-Jazeera.

Essa sensação desperta um “instinto de sobrevivência” que deturpa a realidade. Não por acaso, a desinformação – e as fake news – ganham espaço e geram protestos em meio à pandemia da Covid-19.

Neste domingo (21), o presidente da Tanzânia, John Magufuli, reconheceu o risco do vírus após quase um ano de pandemia. O líder, populista e um dos principais chefes de Estado negacionistas, afirmou que o país não teria problemas “por meio da oração”. Ele ainda ordenou que a nação, de 60 milhões de habitantes, deixasse de atualizar os dados do vírus.

Desta vez, contudo, ele pediu que a população “tome cuidados” e use máscara, reportou a Associated Press. A mudança ocorreu após a morte do vice-governador da região semiautônoma de Zanzibar, na última semana. A causa não foi divulgada.

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