Pandemia expõe vulnerabilidades em sistema de remessas de imigrantes

ONU recomenda que governos considerem empresas de envio como essenciais e estimulam uso de plataformas online

As remessas, valores em dinheiro enviados pelos imigrantes aos seus países de origem, são de grande importância para famílias de países em desenvolvimento e ajudam milhões de pessoas a se manterem fora da pobreza.

O envio dessas quantias representa mais de 5% do PIB (Produto Interno Bruto) de pelo menos 60 países de baixa e média renda. O índice é maior que o total de investimento estrangeiro direto ou da ajuda oferecida oficialmente pelos governos ao desenvolvimento.

A pandemia do novo coronavírus expôs algumas vulnerabilidades do sistema global de remessas que precisam ser trabalhadas, de acordo com o presidente do FIDA (Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola), Gilbert F. Houngbo.

A ONU (Organização das Nações Unidas) aponta que as empresas que oferecem o serviço de envio dos recursos precisam ser consideradas pelos países como negócios essenciais em tempos de crise. O uso de plataformas online também precisam ser melhor exploradas.

Com a pandemia do coronavírus, o comércio em muitos países fechou parcialmente como medida de contenção. Apenas empresas consideradas essenciais, como supermercados e farmácias, permaneceram funcionando durante o período.

Uma força-tarefa as Nações Unidas recomenda a adoção de um sistema mais seguro, rápido e barato. Isso porque o custo médio para o envio das remessas a outros países é de US$ 200, com taxas que chegam a 6,8%.

O sistema ainda apresenta falhas em relação a quem não tem documentos ou não tem acesso a uma conta bancária.

Pandemia expõe vulnerabilidade em sistema de remessas de imigrantes
Remessas recebidas por empresa na cidade de Mogadishu, na Somália (Foto: Stuart Price/UN Photo)

Queda no envio

Com a crise mundial de saúde pública, o sistema de remessas sofreu um grande baque. Em abril, o Banco Mundial indicou que as remessas podem ter a queda mais acentuada da história recente, podendo chegar a 20%. No total, as remessas cairiam de US$ 554 bilhões em 2019 para US$ 445 bilhões.

O recorde do ano passado ilustra o esforço de 200 milhões de migrantes em 40 países ricos. Essas pessoas enviaram recursos para 800 milhões de familiares em mais de 125 países em desenvolvimento.

Caso não haja uma rápida recuperação das remessas, as condições econômicas de algumas famílias registrarão uma piora, podendo puxá-las para baixo da linha da pobreza.

“Embora a redução das remessas não caia uniformemente entre todas as famílias ou em todos os continentes, os impactos sociais serão substanciais e duradouros”, aponta Houngbo.

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