Opositor de Putin é preso na Rússia acusado de não pagar dívidas

Detenção é novo golpe do governo russo à oposição do país no período que antecede a eleição parlamentar de setembro

O proeminente político da oposição russa Dmitry Gudkov foi detido nesta terça (1) sob suspeita de não pagar dívidas de um contrato de arrendamento entre 2015 e 2017, registrou a agência estatal Tass.

A acusação pode fazer com que o opositor ao Kremlin fique preso por até cinco anos, caso o tribunal o julgue culpado. Gudkov relatou no Telegram que a polícia revistou a casa onde estava, na área rural de Moscou, em busca de documentos pessoais dele e de seus assessores.

O pai do político, Gennady, afirmou que a polícia invadiu a casa e desconectou todos os telefones. “Eles também invadiram o escritório em Koroma, a 100 quilômetros de Moscou”, disse ao jornal russo “The Moscou Times”.

Opositor ao Kremlin, Dmitry Gudkov é preso por 'não pagar dívidas' na Rússia
O político opositor ao Kremlin, Dmitry Gudkov, em manifestação pública na capital russa, Moscou, em março de 2011 (Foto: Divulgação/Vitaly Ragulin)

A detenção foi classificada como o novo golpe de Vladimir Putin à oposição do país antes da eleição parlamentar agendada para 19 de setembro. O caso mais emblemático é o de Alexei Navalny, preso desde janeiro e impedido de concorrer no pleito.

“Não sei a razão formal para isso, mas a motivação é clara”, escreveu Gudkov no Telegram em referência à perseguição política. Os policiais também teriam revistado o apartamento de seu ex-assistente Alexander Solovyov e do chefe de gabinete Vitaly Venidiktov, registrou a Reuters.

Gudkov era parlamentar na Câmara Baixa, mas perdeu o mandato ao ser expulso do partido Just Russia, em 2013, após ajudar a organizar protestos contrários ao governo. Mais tarde, o político se uniu à oposição liberal russa e engrossou a oposição a Putin.

Open Russia

Outra tentativa de excluir a oposição das eleições de setembro foi a prisão do ativista de oposição Andrei Pivovarov, diretor do grupo Open Russia. O homem está sob custódia desde que policiais o retiraram de um avião prestes a decolar do aeroporto de Pulkovo, em São Petesburgo, em direção a Varsóvia, na segunda (31).

Um dia depois, a polícia russa invadiu o apartamento de Pivovarov e apreendeu documentos e publicações. Moscou incluiu o Open Russia, com sede em Londres, na lista de “indesejáveis” ainda em 2017. Desde então, o grupo está proibido de realizar qualquer atividade no país.

Um de seus líderes, o magnata russo Mikhail Khodorkovsky – preso por uma década por desafiar Putin – classificou a prisão de Pivovarov como o último movimento contra ativistas de oposição. Ao mesmo tempo, porém, reflete a preocupação das autoridades com a queda na popularidade do partido governante Rússia Unida.

“A próxima eleição é uma performance teatral, na qual qualquer candidato com o qual o governo não esteja satisfeito simplesmente não terá permissão para concorrer”, afirmou em entrevista à Associated Press. Putin vê o pleito como essencial para consolidar seu governo antes das eleições presidenciais de 2024, apontou.

Moscou já proibiu mais de 30 grupos de ativismo civil sob a lei que criminaliza as chamadas “organizações indesejáveis”. O parlamento russo deve votar ainda neste ano outro projeto de lei que aumenta a punição a membros desses grupos.

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