Partilha de poder soluciona impasse político após eleições no Afeganistão

Como em 2014, dois candidatos à presidência passaram meses disputando vitória até acordo que divide poder

Após após meses de impasse e disputa pela presidência do Afeganistão, os dois postulantes, Ashraf Ghani e Abdullah Abdullah aceitaram partilhar o poder. O acordo foi fechado no último dia 17.

A vitória nas eleições de setembro de 2019 no Afeganistão foi reivindicada por Ghani, que continuará no posto de presidente, e Abdullah, definido pela “The Economist” como “eterno” postulante ao cargo.

O atual presidente, economista com passagem pelo Banco Mundial, fica no cargo até 2024. Mas metade do gabinete presidencial será escolhido pelo rival Abdullah, com quem tem péssima relação, segundo diplomatas que falaram com a revista inglesa.

Partilha de poder soluciona novo impasse político após eleições no Afeganistão
O presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, no púlpito das Nações Unidas, em Nova York (Foto: UN Photo)

A Abdullah, ex-ministro das Relações Exteriores, caberá, agora, liderar as negociações de paz “das quais ele vem distraindo as atenções nos últimos meses”, ironizou a revista britânica na edição desta semana.

Sua principal incumbência será a de negociar com o Talibã. Se possível, também por fim à guerra civil que já varre o país há mais de 20 anos.

Para os EUA, segundo a “The Economist”, o governo em Cabul perdeu tempo demais durante a peleja entre os dois políticos. Em vez disso, devia ter preparado terreno para as negociações com os extremistas.

Mais de cinco anos atrás, houve embaraço semelhante entre os dois políticos – ali, Ghani também levou a disputa. Desde esse último impasse, após as eleições de 2014, Abdullah tornou-se “executivo-chefe” do Afeganistão e chefiou o conselho de ministros.

Essa “geringonça” institucional afegã, proposta pelos norte-americanos, manteve um semblante de estabilidade no país. Para grandes decisões, o “executivo-chefe” deveria ser consultado pelo presidente. Dessa vez, Abdullah gozará de menor poder.

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