Opositor belarusso reaparece em imagens após passar 630 dias incomunicável

Viktor Babaryko, preso desde 2020, enviou saudações à família em um raro vídeo divulgado antes das eleições no país

O político belarusso Viktor Babaryko, detido desde 2020, foi visto pela primeira vez em mais de 630 dias, após a divulgação de um vídeo recentemente. Preso ao tentar concorrer contra Alexander Lukashenko nas eleições presidenciais daquele ano, ele ficou incomunicável durante todo esse período, segundo informações de sua equipe. As informações são da rede BBC.

A gravação e três fotos, que mostram o ex-banqueiro escrevendo uma carta para a família, foram publicadas por Roman Protasevich, ex-ativista e fundador do canal Nexta, amplamente seguido durante os protestos de 2020.

“Babaryko parecia bem, estava animado e até rimos juntos”, declarou Protasevich no vídeo, embora o próprio preso não tenha tido a chance de comentar sua situação.

Vestindo o uniforme preto da prisão, Babaryko aparenta ter perdido peso desde que foi detido. Sua equipe política descreveu o longo período de silêncio como “torturante”, destacando o impacto de sua incomunicabilidade.

O político belarusso Viktor Babaryko, detido desde 2020 (Foto: reprodução/spring96.org)

Casos como o de Babaryko não são isolados em Belarus. Maria Kolesnikova, outra figura de destaque na oposição, também foi mantida incomunicável após ser presa em 2020. No final do ano passado, imagens dela foram divulgadas após uma rara visita de seu pai à prisão. Desde então, nenhuma nova informação sobre ela foi divulgada.

A divulgação das imagens de Babaryko ocorre pouco antes das eleições presidenciais marcadas para 26 de janeiro. Desta vez, nenhum candidato da oposição foi autorizado a participar, e relatos sugerem que presos políticos estão sendo pressionados a solicitar perdão oficial ao presidente Lukashenko.

O grupos de direitos humanos Viasna calcula que atualmente há 1.258 presos políticos no país. Embora algumas figuras menos conhecidas tenham sido libertadas recentemente, novas prisões continuam a ser registradas.

Entre os opositores ainda sem notícias está Sergei Tikhanovsky, ativista preso em 2020. Sua esposa, Sviatlana Tsikhanouskaia, concorreu na eleição em seu lugar e atualmente lidera a oposição no exílio. Em entrevista recente, ela classificou a próxima eleição como uma “farsa” e um “teatro” organizado por Lukashenko para manter seu poder.

As imagens de Babaryko podem ser interpretadas como um aviso à população sobre os riscos de se opor ao regime, reforçando o clima de repressão no país. A comunidade internacional continua a criticar duramente as práticas autoritárias do governo belarusso.

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