Líder democrática de Belarus diz que há um ano não tem notícias do marido preso

Sergei Tikhanovsky cumpre pena de quase 20 anos de prisão sob acusações que seus aliados julgam politicamente motivadas

Sviatlana Tsikhanouskaia , líder democrática de Belarus que atualmente vive no exílio, diz que há um ano não tem qualquer notícia sobre o marido Sergei Tikhanovsky, que cumpre uma pena de quase 20 anos de prisão sob acusações que seus aliados consideram ter motivação política.

“Durante exatamente um ano, nem eu nem os meus filhos sabemos sobre o destino de Sergei, que está detido pelas autoridades belarussas em completo isolamento”, disse Tsikhanouskaia, de acordo com o grupo de direitos humanos Viasna.

A política, principal nome da oposição ao ditador Alexander Lukashenko, instou a ONU (Organização das Nações Unidas) a adotar alguma medida quanto à situação dos presos políticos belarussos.

“O regime incomunicável é uma forma de torturar não só os nossos heróis atrás das grades, mas também as suas famílias”, disse ela.

Sviatlana Tsikhanouskaia, líder democrática exilada de Belarus (Foto: European Parliament/Flickr)

A própria Tsikhanouskaia foi julgada e sentenciada a 15 anos de prisão em março do ano passado, mas segue em liberdade porque deixou o país devido à perseguição politica. Ela reivindica a vitória nas eleições presidenciais de 2020, sob o argumento de que o pleito foi forjado para reeleger Lukashenko.

Desde 2020, quando a repressão foi intensificada em Belarus, seguindo-se a protestos populares contra a reeleição de Lukashenko, 4.690 pessoas foram condenadas em casos tidos como políticos. De acordo com a Viasna, atualmente há 1.410 pessoas presas por motivos políticos, inclusive 170 mulheres.

No mês passado, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução através da condena as detenções em massa em Belarus e apela ao regime que encerre a repressão, incluindo a perseguição baseada em gênero. Pede, ainda, a libertação dos presos políticos e reparação pelo tempo que passaram no cárcere.

Por que isso importa?

Belarus testemunha uma crise de direitos humanos sem precedentes, com fortes indícios de desaparecimentos, tortura e maus-tratos como forma de intimidação e assédio contra seus cidadãos. Milhares de opositores ao regime de Lukashenko, no poder desde 1994, foram presos ou forçados ao exílio desde as controversas eleições.

O presidente, chamado de “último ditador da Europa”, parece não se incomodar com a imagem autoritária, mesmo em meio a protestos populares e desconfiança crescente após a reeleição de 2020, marcada por fortes indícios de fraude. A porta-voz do presidente, Natalya Eismont, chegou a afirmar em 2019, na televisão estatal, que a “ditadura é a marca” do governo de Belarus.

Desde que os protestos populares tomaram as ruas do país após o controverso pleito, as autoridades belarussas têm sufocado ONGs e a mídia independente, parte de uma repressão brutal contra cidadãos que contestam os resultados oficiais da votação.

O desgaste com o atual governo, que já se prolonga há anos, acentuou-se em 2020 devido à forma como ele lidou com a pandemia, que chegou a chamar de “psicose”. Em determinado momento, o presidente recomendou “vodka e sauna” para tratar a doença.

A violenta repressão imposta por Lukashenko levou muitos oposicionistas a deixarem o país. Aqueles que não fugiram são perseguidos pelas autoridades e invariavelmente presos. Já o distanciamento entre o país e o Ocidente aumentou com a guerra na Ucrânia, vez que Belarus é aliada da Rússia e permitiu que tropas de Moscou usassem o território belarusso para realizar a invasão.

Tags: