Joe Biden acusa Moscou de tentar interferir nas eleições de 2022 nos EUA

Presidente diz que desinformação torna "cada vez mais difícil para as pessoas avaliar os fatos e tomar decisões"

O presidente Joe Biden acusou a Rússia de tentar interferir nas eleições norte-americanas de 2022, nas quais serão eleitos, entre outros, congressistas e governadores. Ele instou a comunidade de inteligência a agir e disse que a desinformação propagada digitalmente torna “cada vez mais difícil para as pessoas avaliar os fatos e tomar decisões”, de acordo com o site The Hill.

“Veja o que a Rússia já está fazendo sobre as eleições de 2022 e a desinformação”, disse Biden em discurso no ODNI (Escritório do Diretor de Inteligência Nacional, da sigla em inglês), citando informações que constam em um relatório diário ao qual ele tem acesso. “É uma violação pura de nossa soberania”.

Biden e Putin em encontro realizado em junho de 2021 (Foto: Wikimedia Commons)

Em seu discurso, Biden deu a entender que as dificuldades econômicas da Rússia tornam o país ainda “mais perigoso” no que tange a ataques cibernéticos. E sugeriu, ainda, que o eventual envolvimento dos EUA em uma guerra no futuro teria como motivação a questão digital.

“Vimos como as ameaças cibernéticas, incluindo ataques de ransomware, são cada vez mais capazes de causar danos e destruição no mundo real”, disse Biden, citando ataques em que dados digitais são roubados e devolvidos somente em troca de um resgate. “Se acabarmos em uma guerra, uma verdadeira guerra militar com uma grande potência, será em virtude de uma violação cibernética de grande consequência”.

Ataques cibernéticos

A questão digital tem gerado constante atrito entre os dois países. Os EUA afirmam que a Rússia está por trás de ataques cibernéticos empreendidos por grupos hackers contra governos e empresas ocidentais, acusação refutada por Moscou. Washington, inclusive, impôs sanções financeiras a empresas acusadas de ligação com os hackers.

No início de julho, hackers russos do grupo REvil exigiram US$ 70 milhões em bitcoin para restabelecer os dados roubados de centenas de empresas em diversos países. Semanas antes, no final de junho, o alvo foi a Microsoft, que teve seu sistema invadido através do suporte ao cliente. Até mesmo os dois principais partidos políticos dos EUA, o Republicano e o Democrata, foram alvos de ataques, em julho deste ano e em 2016, respectivamente.

Em maio, a Microsoft já havia relatado ataques do grupo Nobelium contra 150 agências governamentais, think tanks, consultores e organizações não-governamentais nos EUA, bem como, em mais de 20 países. De acordo com as autoridades norte-americanas, os hackers estão ligados ao SVR (Serviço de Inteligência Estrangeiro, da sigla em russo) da Rússia.

EUA pressionam Moscou e cobram ação contra os ataques de hackers russos
Hackers russos têm causado enorme prejuízo a empresas e governos em todo o mundo (Foto: Max Bender/Unplash)

SolarWinds

A Microsoft diz que o o grupo Nobelium também realizou o sofisticado ataque hacker à empresa de softwares SolarWinds, em 2017, atingindo inclusive o governo dos Estados Unidos.

Entre 2015 e 2018, ataques promovidos por seis hackers russos causaram um prejuízo de mais de US$ 10 bilhões no mundo. Além de prejudicar empresas e redes elétricas na Europa, eles também estariam envolvidos em roubo de identidade e conspiração para fraude.

Uma das campanhas teria ocorrido em 2017, quando hackers invadiram uma rede elétrica ucraniana e vazaram informações para tentar interferir nas eleições francesas, apontam as acusações.

A dinamarquesa Maersk, do setor de logística, teve toda a sua operação prejudicada após um colapso na rede causado pelo malware impulsionado pelos russos. Outras empresas como a norte-americana FedEx, de transporte e remessas, e a farmacêutica alemã Merck também registraram prejuízos bilionários após invasões de sistemas digitais.

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