Cinco mortos em novo confronto entre Azerbaijão e Armênia na disputada região de Nagorno-Karabakh

O Ministério da Defesa azeri disse que dois de seus soldados foram mortos em uma troca de tiros depois que soldados pararam um comboio suspeito de transportar armas da principal cidade da região sem autorização

Cinco pessoas foram mortas em confrontos entre as tropas do Azerbaijão e a polícia da Armênia na região disputada de Nagorno-Karabakh, onde um conflito eclodiu em 2020 e deixou milhares de mortos ao longo de 44 dias. As informações são da rede Voice of America (VOA).

De acordo com o Ministério da Defesa do Azerbaijão, dois de seus soldados foram mortos em uma troca de tiros depois que suas tropas pararam um comboio suspeito de transportar armas da principal cidade da área para uma zona rural em uma estrada não autorizada. O órgão governamental definiu o episódio como uma “emboscada”.

Já o Ministério das Relações Exteriores da Armênia relatou que que três funcionários do Ministério do Interior de Karabakh foram mortos. Autoridades armênias disseram que o comboio carregava documentos e uma pistola de serviço, e classificou como “absurdas” as alegações de Baku de que armas eram transportadas.

Manifestantes do Azerbaijão durante o bloqueio de 2022 no Corredor Lachin (Foto: WikiCommons)

A região de Nagorno-Karabakh é reconhecida internacionalmente como parte do Azerbaijão, mas sua população é composta predominantemente por armênios étnicos. O conflito entre os países, que teve seu auge no início dos anos 90 com a dissolução da União Soviética, voltou a sofrer uma escalada no ano de 2020. Naquele ano, Baku recapturou grandes faixas de território em um conflito que se estendeu durante seis semanas, que resultou na morte de 6 mil pessoas.

O primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan, e o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, se encontraram várias vezes para buscar um entendimento para o conflito, mas a violência crônica tem prejudicado os esforços de paz.

Um acordo que resultou em um cessar-fogo em novembro de 2020 originou uma estrada, chamada “Corredor Lachin”, o único caminho entre a Armênia e Nagorno-Karabakh. É por ali que chegam alimentos, medicamentos e combustível para 120 mil armênios cada vez mais isolados.

Porém, a estrada está bloqueada desde dezembro por manifestantes que se acredita serem apoiados pelas autoridades do Azerbaijão. Na última quarta-feira (1º), a Corte Internacional de Justiça (CIJ), o principal órgão judicial da Organização das Nações Unidas (ONU), ordenou que o Azerbaijão garantisse a livre circulação pelo Corredor.

O principal receio da comunidade internacional é a ameaça à estabilidade no Cáucaso Sul, ponte essencial para o transporte de petróleo e gás.

Por que isso importa?

A região de Nagorno-Karabakh é um território de maioria armênia cristã que declarou independência do Azerbaijão, um país majoritariamente muçulmano, em meio a uma guerra entre 1988 e 1994. O confronto causou 30 mil mortes e desalojou centenas de milhares de pessoas, e a reivindicação de independência não é reconhecida por nenhum país.

Desde 1994, a região está sob controle de forças que o governo azeri diz incluir tropas fornecidas pela Armênia, após um primeiro cessar-fogo estabelecido com a ajuda de Rússia, Estados Unidos e França.

Em 2020, um novo conflito armado entre os dois países durou 44 dias e deixou cerca de 6,5 mil mortos na região disputada. No início de 2021 foi estabelecido um novo cessar-fogo mediado pela Rússia, que é visto com desconfiança pela população armênia.

A Armênia decidiu ceder às tratativas quando se viu encurralada pelas forças azeris na capital regional, Stepanakert. No entanto, o acordo nem sempre é respeitado, e até hoje não surgiu uma solução duradoura para a questão.

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