A Embaixada Popular de Belarus no Brasil, um grupo de dissidentes da nação europeia, classificou as eleições presidenciais que ocorrerão no domingo (26) como uma “farsa” eleitoral, acusando o presidente Alexander Lukashenko de usar o processo para tentar legitimar um poder que teria “usurpado” em 2020.
“É evidente que isso não pode ser chamado de eleição, mas sim de uma farsa”, diz comunicado entregue pela entidade à reportagem de A Referência.
O texto destaca ainda a intensificação da repressão política no país. Afirma que cerca de 65 mil pessoas foram detidas desde 2020, enquanto mais de 7,7 mil enfrentam processos criminais por razões políticas. “Nenhum processo criminal foi instaurado em relação às mortes de manifestantes ou às torturas sofridas pelos detidos e condenados”, denuncia a embaixada.

Outro ponto levantado foi a ausência de liberdade de imprensa. Belarus ocupa a 167ª posição no Índice de Liberdade de Imprensa de 2024, com jornalistas sendo presos e veículos independentes fechados. “A imprensa independente praticamente deixou de existir dentro do país, com muitas redações agora operando do exterior. A maioria dos sites e páginas em redes sociais foi rotulada como ‘formações extremistas'”, acrescenta o grupo.
As condições para candidaturas também foram alvo de críticas. De acordo com a embaixada, apenas quatro “candidatos alternativos“, todos ligados ao regime de Lukashenko, foram registrados, enquanto forças políticas independentes foram eliminadas. “Esses ‘candidatos alternativos’ são meramente uma imitação de concorrência”, afirma o comunicado.
Além disso, o texto destaca que as eleições ocorrem sem observadores independentes e que cerca de dois milhões de belarussos vivendo no exterior foram privados do direito de votar. Segundo a Comissão Eleitoral Central, a única alternativa seria retornar ao país, o que levou a dezenas de prisões de cidadãos que tentaram fazê-lo.
A Embaixada Popular também denunciou as condições dos presos políticos. De acordo com o relatório, pelo menos 1,3 mil pessoas permanecem encarceradas sob condições degradantes, incluindo torturas, e o número pode ser maior devido à dificuldade de obtenção de dados. “Sete presos políticos morreram enquanto estavam detidos”, aponta o texto.
No comunicado, a embaixada conclui que as chamadas eleições são uma tentativa de Lukashenko de “virar a página” após a contestação internacional de sua legitimidade. “Não há dúvidas de que ele tentará novamente se declarar ‘reeleito’, tomando o poder de forma ilegal”, finaliza o texto.