Kiev anuncia a retomada de novas áreas, mas continua vulnerável a ataques aéreos

Operação de reconquista de territórios ocorreu em meio a bombardeios russos que mataram um número incerto de civis

O governo da Ucrânia, através do Ministério para a Reintegração dos Territórios Temporariamente Ocupados, anunciou na quinta-feira (13) que suas forças armadas conseguiram recuperar mais de 600 assentamentos antes controlados pela Rússia. A operação de retomada ocorreu em meio aos duros bombardeios realizados por Moscou contra o território ucraniano, que mataram um número ainda incerto de civis e expuseram uma severa deficiência militar de Kiev. As informações são da rede Radio Free Europe (RFE).

“A área de territórios ucranianos libertados aumentou significativamente”, disse o ministério em comunicado publicado em seu site. As informações, que carecem de apuração independente, falam em 502 áreas retomadas na região de Kharkiv, 75 em Kherson, 43 em Donetsk e sete em Luhansk.

A Ucrânia também divulgou dados sobre os resultados da recente ofensiva russa, iniciada após uma explosão na ponte que liga a Rússia à Crimeia que Moscou atribui à Inteligência ucraniana.

Após a explosão, Moscou iniciou uma pesada onda de bombardeios que, de acordo com Kiev, mataram ao menos nove civis somente entre quinta (13) e sexta-feira (14). A maioria das vítimas estava na cidade de Mykolayiv, no sul do país, onde existe um estaleiro naval e um porto alvo frequente de ataques russos.

Área externa de hospital em Kharkiv atingido por bombas russas (Foto: reprodução/Facebook)
Defesa antiaérea

Apesar das recentes vitórias no campo de batalhas, a Ucrânia continua vulnerável aos ataques aéreos russos, o que levou o presidente Volodymyr Zelensky a pedir o apoio ocidental. Os EUA atenderam ao chamado e passaram a pressionar seus aliados para que juntos construam um sistema de defesa antiaérea eficiente, segundo o jornal independente The Moscow Times.

“O que a liderança [ucraniana] descreveu que eles mais precisavam ontem era de capacidade de defesa antiaérea”, disse o secretário de Defesa dos EUA Lloyd Austin na quinta-feira (13), um dia após uma reunião de 50 países aliados para coordenar o apoio militar ocidental a Kiev.

Austin explicou que o sistema necessário para proteger o território ucraniano precisa de três camadas, que seria eficiente contra drones e mísseis balísticos e de cruzeiro russos. “O que você está vendo, na verdade, são sistemas de curto alcance e baixa altitude, depois sistemas de médio alcance e média altitude e depois sistemas de longo alcance e alta altitude”, afirmou.

O secretário explicou que, embora um sistema desses não seja capaz de proteger todo o país, seria eficiente para alvos prioritários determinados pela Ucrânia. Nesse sentido, Washington já prepara a entrega do sistema NASAMS, que funciona para curto e médio alcance e média altitude. Já a Alemanha entregou um sistema, o Iris-T, de médio alcance e alta altitude, enquanto a Espanha entregou o sistema Hawk, de médio alcance e recentemente modernizado, pois a versão original data da Guerra Fria.

Quem também promete entregar um sistema eficiente a Kiev é a França. No caso, seria o SAMP/T, de alta altitude, que se assemelha ao modelo mais eficiente usado hoje pelos EUA, o Patriot, e é parte da defesa antiaérea dos países da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan, faz projeção otimista. “Vimos que, quando nos mobilizamos, quando pedimos aos aliados da Otan que façam mais, eles estão realmente fazendo mais, e isso está fazendo uma enorme diferença”, disse ele, segundo o site The Defense Post.

A intenção de Washington é entregar a Kiev mísseis Patriot, mas o país não tem um estoque grande o bastante a ponto de poder se desfazer de algumas unidades. Assim, vem pressionando aliados que os têm para que façam a entrega.

“Incentivamos o resto de nossos aliados a cavar fundo e fornecer capacidade adicional também”, disse Austin.

Seja como for,. o uso não será imediato, vez que exige treinamento e adaptação do sistema de radares atual para que atuem em conjunto. “É bastante complicado do ponto de vista técnico”, disse o general Mark Milley, principal oficial militar dos EUA. Segundo ele, “levará um pouquinho de tempo” até que o sistema entre em funcionamento

Tags: