Moldávia expulsa 45 diplomatas russos sob a acusação de espionagem

Uma investigação recente constatou o aumento do número de antenas parabólicas e dispositivos de comunicação no topo da embaixada russa em Chisinau

Na quarta-feira (26), autoridades da Moldávia determinaram a saída do país de 45 diplomatas russos e funcionários da embaixada. A medida foi tomada devido a uma série de ações hostis direcionadas à ex-república soviética, bem como tentativas de desestabilização interna, justificou o Ministério das Relações Exteriores. As informações são da rede BBC.

Com a remodelação, a equipe diplomática russa será reduzido para 25 pessoas, aproximando-se do número que Chisinau possui em sua embaixada em Moscou. O prazo para a retirada é o dia 15 de agosto. A Rússia condenou a expulsão e declarou que tomaria medidas.

A medida teve como pano de fundo uma investigação conjunta realizada pela mídia moldava Jurnal TV e o site investigativo The Insider, que revelou a presença de 28 antenas na embaixada da Rússia em Chisinau, além de um prédio adjacente suspeito de ser usado para atividades de espionagem.

A embaixada russa na capital da Moldávia, Chisinau (Foto: WikiCommons)

Desde o início da guerra na Ucrânia em fevereiro de 2022, o governo pró-União Europeia (UE) da Moldávia tem acusado o Kremlin de espionagem e de oferecer apoio a grupos de oposição. Além disso, o país, que é uma das economias mais pobres da Europa e foi fortemente exposto pelo conflito, não tem poupado críticas à invasão russa, acusando Moscou de conspirar para derrubar a presidente Maia Sandu.

“Por muitos anos fomos objeto de ações e políticas russas hostis. Muitas delas foram feitas por meio da embaixada”, disse durante uma reunião de gabinete o ministro das Relações Exteriores da Moldávia, Nicu Popescu.

Ele acrescentou que, após a expulsão de quarta-feira, haverá menos pessoas tentando “desestabilizar a situação na Moldávia”.

De acordo com o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, a Moldávia já havia expulsado dois diplomatas russos após a incursão das tropas russas em território ucraniano. Em março, a polícia local disse ter frustrado uma conspiração de grupos apoiados pela Rússia que foram especialmente treinados para causar distúrbios em massa e estremecer o atual governo, que afastou o país da influência do Kremlin.

Já a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, afirmou que a “ação hostil da Moldávia não passará sem resposta”. Ela mencionou que isso resultará em restrições nos serviços consulares e nos contatos entre os moldávios e a Rússia, mas não detalhou medidas específicas até o momento.

A Moldávia enfrentou uma significativa crise de energia devido à sua infraestrutura de energia datada da era soviética. Além das restrições no fornecimento de gás por parte da Rússia, os ataques à rede elétrica da Ucrânia também causaram cortes esporádicos de energia no país. Outro agravante foi o fato de a invasão ucraniana ter gerado um grande fluxo de refugiados para o país, sobrecarregando seus serviços públicos.

Governo atual irrita Moscou

Com uma população de cerca de 2,6 milhões, a Moldávia, vizinha da Ucrânia – e que já recebeu mais de 750 mil refugiados ucranianos, a metade crianças – anteriormente era parte da zona de influência da Rússia, mas agora é governada por autoridades declaradamente simpáticas à UE.

Eleita pelo PAS (Partido de Ação e Solidariedade, em tradução literal) para comandar o país em 2020, Sandu teve que lidar com legisladores majoritariamente voltados ao ex-presidente Igor Dodon, líder do bloco pró-Moscou, devido ao resultado da eleição parlamentar de 2019. Em abril de 2021, ela então dissolveu o Parlamento e convocou novas eleições, que agora indicam sua soberania dentro da casa.

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