Navalny seria libertado em uma troca de prisioneiros, diz apoiadora do ativista morto

Rival de Putin e dois norte-americanos estavam sendo considerados para uma troca com um russo preso na Alemanha por homicídio

Maria Pevchikh, aliada de Alexei Navalny, revelou nesta segunda-feira (26) que autoridades russas estavam perto de realizar uma troca envolvendo o falecido líder da oposição e dois cidadãos norte-americanos. Segundo ela, eles seriam trocados por Vadim Krasikov, um cidadão russo condenado na Alemanha por um assassinato ligado a uma operação que a Justiça alemã acredita ter sido executada a mando de Moscou. As informações são da rede Deutsch Welle.

No último dia 16, Navalny morreu após “se sentir mal” e desmaiar quando caminhava no pátio da colônia penal IK-3, localizada cerca de 1,9 mil quilômetros a leste de Moscou. Ele cumpria pena de 30 anos de prisão em um centro de detenção no Ártico e com frequência reclamava do tratamento que recebia no cárcere, alegando inclusive que sua saúde estava debilitada por isso.

Maria, que é jornalista investigativa e preside a Fundação Anticorrupção de Navalny, afirmou ter confirmado que as negociações para a troca de prisioneiros estavam em estágios finais na noite de 15 de fevereiro, um dia antes do falecimento do principal adversário político de Vladimir Putin.

“Poderia ser Alexei Navalny sentado nesta cadeira agora mesmo, hoje. Isso não é apenas um modo de falar, poderia e deveria ter acontecido”, disse ela.

Ação em memória de Alexei Navalny em São Petersburgo, registrada em 16 de fevereiro de 2024 (Foto: WikiCommons)

A jornalista não divulgou a identidade dos dois cidadãos norte-americanos que, segundo ela, também seriam libertados. Porém, em uma entrevista recente ao ex-apresentador da Fox News Tucker Carlson, Putin sugeriu que estaria aberto a uma troca de prisioneiros.

O chefe de Estado mencionou a possibilidade de trocar o repórter do Wall Street Journal Evan Gershkovich, preso por suposta espionagem, por Krasikov, que Putin diz ter agido por “motivos patrióticos”. Preso desde 2019, ele é acusado de atirar em Zelimkhan Khangoshvili, um pseudônimo adotado por Tornike Kavtarashvili, cidadão georgiano de etnia chechena.

O outro prisioneiro em questão é supostamente Paul Whelan, um ex-fuzileiro naval dos EUA. Washington tem expressado publicamente seus esforços para garantir a libertação de ambos.

Maria alegou que Navalny foi assassinado porque Putin não tolerava a ideia de vê-lo em liberdade. O Kremlin negou qualquer envolvimento na morte do ativista.

Segundo Maria, o oligarca russo Roman Abramovich, ex-proprietário do clube de futebol Chelsea, teria discutido com Putin a possibilidade de trocar Navalny por Krasikov. Ela sustenta que o chefe do Kremlin recusou a libertação do opositor e optou por usá-lo como moeda de troca para negociações futuras. No entanto, não apresentou provas para legitimar suas afirmações, segundo o jornal The Washington Post.

Segundo ela, indícios públicos das negociações secretas surgiram em setembro passado, quando o Wall Street Journal noticiou que autoridades dos EUA viam uma troca envolvendo Krasikov como uma forma de garantir a libertação de Gershkovich e Whelan. Isso ocorreu depois de Moscou ter mencionado o nome de Krasikov nas negociações de troca de prisioneiros anteriormente.

A notícia de um possível acordo de troca de prisioneiros envolvendo Navalny foi divulgada inicialmente pelo tabloide alemão Bild no dia 16 de fevereiro.

Enquanto isso, a investigação russa sobre a morte de Navalny sustenta que o ativista morreu de “causas naturais”, levando o Kremlin a criticar veementemente os líderes ocidentais que apontaram o dedo para Putin.

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