Navalny transforma sua fundação anticorrupção em uma organização internacional

Nova entidade surge com a proposta de realizar o mesmo trabalho de denúncia que a anterior, proibida pelo governo russo

O oposicionista russo Alexei Navalny anunciou na segunda-feira (11) o lançamento de uma nova entidade de combate à corrupção. Trata-se de uma versão internacional da Fundação Anticorrupção (FBK) criada por ele, que foi considerada extremista pela Justiça da Rússia e teve que encerrar as atividades.

Navalny divulgou a novidade através do Twitter, alimentado por aliados enquanto ele próprio está preso na Rússia. “Conversamos sobre o fato de Putin e seus bandidos não conseguirem destruir a Fundação Anticorrupção. Pelo contrário, ela se tornará uma fundação internacional global”, disse ele. “Fizemos exatamente como prometemos. Apresentamos a vocês a Fundação Internacional Anticorrupção. Uma organização internacional anticorrupção sem fins lucrativos”.

O conselho consultivo da fundação terá algumas figuras ilustres, além da esposa do oposicionista, Yulia Navalnaya. Destacam-se na cúpula da entidade o ex-primeiro-ministro belga Guy Verhofstadt, atualmente membro do Parlamento Europeu; a jornalista ganhadora do Prêmio Pulitzer Anne Applebaum; e o filósofo norte-americano Francis Fukuyama.

“A Fundação será totalmente transparente e clara, e a primeira contribuição para sua existência será o Prêmio Sakharov, que me foi atribuído pelo Parlamento Europeu (50.000 euros)”, disse Navalny, que recebeu a honraria em outubro do ano passado.

A fim de bancar as atividades da fundação, foi aberto um canal de doações. “Como sempre, contamos com a sua ajuda e apoio e prometemos que trabalharemos bem”, afirmou o rival de Putin.

Por que isso importa?

Navalny ganhou destaque ao organizar manifestações e concorrer a cargos públicos na Rússia. A principal plataforma do oposicionista é o combate à corrupção no governo de Vladimir Putin, em virtude da qual ele cobra uma profunda reforma na estrutura política do país.

Alexei Navalny: denúncias de corrupção no governo Putin (Foto: reprodução/festival.sundance.org)

Em agosto de 2020, durante viagem à Sibéria, Navalny foi envenenado e passou meses se recuperando em Berlim. Ele voltou a Moscou em 17 de janeiro de 2021 e foi detido no aeroporto. Um mês depois, foi julgado e condenado a dois anos e meio de prisão por violar uma sentença suspensa de 2014, sob acusação de fraude. Promotores alegaram que ele não se apresentou regularmente à polícia em 2020, justamente quando estava em coma pela dose tóxica.

Encarcerado em uma colônia penal de alta segurança, ele chegou a fazer uma greve de fome de 23 dias em abril de 2021, para protestar contra a falta de atendimento médico. Depois, em junho, um tribunal russo proibiu os escritórios regionais de Navalny e a FBK de funcionarem, classificando-os como “extremistas”.

Em janeiro deste ano, ele foi incluído na lista de “terroristas e extremistas” do Serviço Federal de Monitoramento Financeiro da Rússia. No dia 22 de março, foi julgado por peculato e desacato. Condenado, teve o tempo de detenção ampliado em nove anos. Recentemente, mais uma acusação foi adicionada à lista de crimes atribuídos a ele, podendo render-lhe 15 anos adicionais no cárcere.

Tags: