A principal opositora ao governo de Belarus, Svetlana Tikhanovskaya, se reuniu com a chanceler alemã Angela Merkel nesta terça (6), em Berlim, para falar sobre o governo autoritário de Alexsander Lukashenko.
A sexta reeleição do presidente bielorrusso, no dia 9 de agosto, desencadeou protestos e uma resposta violenta das autoridades do país. Desde então, Svetlana deixou Belarus e está abrigada na vizinha Lituânia.
O seu marido e ex-candidato, Sergei Tsikhanouski, continua preso desde antes das eleições. Em dois meses de protestos, o país já contabiliza mais de dez mil detidos.
Depois de deixar a reunião de 45 minutos com Merkel, a oposicionista agradeceu aos partidos alemães pelo apoio à “liberdade do povo bielorrusso” e “a luta por novas eleições honestas e transparentes”. Merkel não comentou o encontro.
Tikhanovskaya pediu que a Alemanha, à frente da presidência da UE (União Europeia), apoiasse a expansão das sanções contra a Belarus e inclua Lukashenko em sua “lista negra”, informou a emissora alemã Tagesschau.
Na última sexta (2), a UE e os Estados Unidos impuseram uma série de sanções a 40 funcionários do governo. Entre as medidas estão o congelamento de ativos e proibição de vistos.
As sanções não abrangem Lukashenko de forma nominal, mas diplomatas da UE afirmaram que o presidente também poderá ser incluído se a situação se prolongar, informou a RFE.
A UE não reconhece a reeleição do chefe de Estado bielorrusso, que há anos recebeu a alcunha de “último ditador da Europa”.
Rússia em jogo
Pouco antes do encontro com Merkel, Tikhanovskaya pediu que a Rússia também encerrasse seu apoio a Lukashenko. Segundo a oposicionista, o Kremlin serve como “moderador” para o início de um diálogo – e só isso.
“Eu pediria a [Vladimir] Putin que não apoiasse o regime. O que está acontecendo em Belarus é assunto nosso”, pontuou.
Principal aliado de Minsk, Putin oferece apoio político, econômico e militar ao país. O russo sugeriu novas eleições quando Lukashenko o procurou para pedir ajuda à crise do país, no último dia 15 de setembro.
O encontro de Tikhanovskaya e Merkel pode aumentar tensões entre Berlim e Moscou depois que a Alemanha deu asilo a Alexei Navalny, o principal opositor de Putin, com indícios de envenenamento.
Além de Merkel, Tikhanovskaya também deve se encontrar com líderes do Partido Verde, em Berlim. Os representantes pedem uma resposta mais dura a Belarus e à Rússia.