Países europeus e árabes firmam acordo para ampliar as relações estratégicas

Encontro ocorre em meio à escalada de tensão entre a milícia dos houthis, apoiada pelo Irã, e a coalizão árabe liderada pelos sauditas

Um encontro realizado na segunda-feira (21) em Bruxelas, na Bélgica, serviu para ampliar as relações estratégicas entre os 27 países da União Europeia (UE) e as seis nações que compõem o Conselho de Cooperação do Golfo (GCC, da sigla em inglês). Entre os temas tratados no evento estão diálogo político, segurança regional, contraterrorismo, comércio e investimento, energia, mudanças climáticas, educação, saúde e segurança digital.

A reunião ocorreu em meio ao aumento dos ataques contra nações árabes realizados pela milícia rebelde dos houthis, do Iêmen, que é apoiada pelo Irã e chegou a ser listada como organização terrorista pelos EUA. Uma carta assinada pelos ministros das Relações Exteriores das nações participantes condenou “os ataques terroristas” lançados pela milícia “usando mísseis e drones contra os Emirados Árabes Unidos (EAU) e o KSA (Reino da Arábia Saudita, da sigla em inglês)”.

Países europeus e árabes firmam acordo para ampliar as relações estratégicas
Representantes do GCC em evento com a UE, fevereiro de 2022 (Foto: reprodução/Twitter)

Em janeiro deste ano, uma ação dos houthis, possivelmente usando drones, atingiu três caminhões tanque em Abu Dhabi, nos EAU, e matou três trabalhadores. A coalizão liderada pelos sauditas, que combate a milícia, respondeu dias depois, em um ataque focado nos rebeldes que terminou com 70 mortes no Iêmen, com civis entre as vítimas.

à época do ataque, autoridades de Abu Dhabi afimraram que três caminhões que carregavam combustível explodiram na área industrial de Musaffah, perto das instalações de armazenamento da empresa de petróleo ADNOC. Um incêndio também atingiu um canteiro de obras no Aeroporto Internacional de Abu Dhabi.

Na esteira da tensão crescente no Golfo, o documento condena a “proliferação de mísseis balísticos e sistemas de drones usados em centenas de ataques contra civis, infraestrutura civil e a Coalizão Global Contra Daesh/ISIS”, citando entre os alvos a força-tarefa liderada pelos Estados Unidos para combater o Estado Islâmico (EI) na Síria e no Iraque.

Por que isso importa?

O grupo rebelde dos houthis, alinhado ao Irã, foi responsável por expulsar o governo do Iêmen da capital iemenita Sanaa em 2014, dando início a um conflito no país do Oriente Médio que perdura até hoje. Uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita, também integrada pelos EAU, interveio a favor dos antigos governantes, acusados de corrupção pelos militantes de oposição.

No final do governo Trump, Washington incluiu os rebeldes na lista de grupos terroristas internacionais, decisão posteriormente revertida por Joe Biden.

Ultimamente, o grupo tem intensificado os ataques com mísseis e drones contra a Arábia Saudita e EAU, rejeitando a proposta saudita de cessar-fogo e exigindo a abertura do espaço aéreo e dos portos do Iêmen.

Após um ataque contra caminhões-tanque dos EAU em janeiro deste ano, em Abu Dhabi, o qual matou três trabalhadores, o presidente norte-americano passou a considerar a possibilidade de novamente listar a organização como terrorista.

Há relatos de que os houthis recrutam menores, em especial crianças, para a linha de frente das batalhas e para esgotar as munições das forças adversárias.

crise humanitária no Iêmen, decorrente do conflito, é tida como o mais grave do mundo. Em virtude dos combates, cerca de dois milhões de civis migraram para centenas de alojamentos improvisados no meio do deserto. O acesso a alimentos e água potável é escasso.

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