A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, afirmou nesta quarta (8) ao Parlamento Europeu que a pandemia do novo coronavírus e suas consequências irão moldar a presidência do país no bloco econômico.
No discurso, a chanceler esquadrinhou as prioridades da presidência alemã no Conselho da União Europeia, por um prazo de seis meses.
A chefe de governo destacou o compromisso da Alemanha com a democracia em meio à pandemia. Para Merkel, não é possível combater o vírus com desinformação, discurso de ódio e demagogia.
Segundo a revista norte-americana Foreign Affairs, a presidência da UE é uma boa oportunidade para a Alemanha recuperar a popularidade e influência perdidas ao longo dos anos.
Crise financeira
De acordo com Merkel, a solideriedade entre os países do bloco é um investimento a longo prazo. Por isso, pediu aos governos um acordo sobre as questões financeiras pendentes da UE até setembro, fim do verão no hemisfério norte.
A chanceler propôs um fundo de recuperação de cerca de US$ 564 bilhões com o presidente da França, Emmanuel Macron. Mas salientou a necessidade de assegurar que o “ônus não se torne excessivo para as nações economicamente mais fortes”. Merkel reiterou que há interesse em auxiliar as regiões mais atingidas pela crise.
A chefe de governo alemã falou ainda sobre a manutenção de direitos fundamentais, o que auxilou a Europa a resistir a crises no passado. “Os direitos] se aplicam para todos, o tempo todo”, completou.
Mudanças climáticas
Apesar da predileção de Merkel por políticas de sustentabilidade ambiental, o caminho alemão não tem sido fácil. Nos últmos anos, a expansão da energia renovável estagnou no país.
Endossando o Acordo Verde Europeu, que exige a não emissão de gases de efeito estufa até 2050, como parte dos compromissos da Alemanha na presidência da UE, Merkel estaria assumindo a liderança na questão, aponta a revista.
Globalização
Merkel apontou ainda o compromisso do país com a transformação digital necessária para trazer mais proteção à sociedade e sustentabilidade. Para a revista norte-americana, o impulso à soberania digital europeia é outra oportunidade para a Alemanha recuperar a posição de liderança.
Por último, a chanceler questionou se o desejo é preservar a liberdade e a identidade europeia mesmo em uma era de globalização. Para isso, seria necessário uma forte política externa e de segurança.
A União Europeia precisaria avançar nas negociações sobre a futura relação com o Reino Unido e outras questões de política externa, como as relações com África e China, políticas de migração e asilo.