Guardas de fronteira da Polônia dizem ter sido atacados por homens vestindo uniformes das forças armadas de Belarus, que teriam usado estilingues para atirar pedras contra os poloneses. As informações são da revista Newsweek.
O incidente teria ocorrido no sábado (9), tendo sido revelado somente no dia seguinte pelas autoridades polonesas. Embora usassem uniformes belarussos, os agressores não foram identificados porque usavam máscaras e usaram potentes holofotes para prejudicar a visão dos poloneses. Ninguém ficou ferido no incidente.
A tensão na fronteira não é novidade. Ela explodiu em 2021, quando Belarus passou a enviar migrantes rumo à Polônia como forma de pressionar a União Europeia (UE), que à época vinha impondo uma série de sanções a Minsk. Eram sobretudo cidadãos de países como Iraque, Síria, Irã, Iêmen, Afeganistão e Cuba em busca de asilo no bloco.

Mais recentemente, as forças armadas polonesas entraram em alerta novamente porque o país vizinho recebeu combatentes do Wagner Group após o motim frustrado que eles protagonizaram na Rússia em junho. Estimativa divulgada pelo grupo belarusso de monitoramento Belaruski Hajun, no final de junho, indicava haver na ocasião entre 3.450 e 3.650 mercenários no território belarusso.
Também no final daquele mês, o presidente belarusso Alexander Lukashenko chegou a fazer uma ameaça velada à Polônia. Em reunião com o homólogo russo Vladimir Putin, em São Petesburgo, o ditador de Belarus disse que os combatentes do Wagner pediram para “fazer uma excursão a Varsóvia, a Rzeszow”, citando cidades polonesas.
Mais tarde, entretanto, Lukashenko afirmou que a declaração dada no encontro com Putin, sobre a “excursão” à Polônia, foi apenas brincadeira, uma forma de ele manifestar apoio aos mercenários devido às baixas do Wagner na guerra da Ucrânia.
O ditador disse que a Polônia é um dos principais fornecedores de armas para as tropas ucranianas, e na verdade ele faz um favor a Varsóvia e à Otan ao manter o Wagner sob controle em Belarus.
“Portanto, deixe os outros rezarem para que os mantenhamos aqui e cuidemos deles, mais ou menos. Caso contrário, eles se infiltrariam por lá e dariam um golpe tão grande em Rzeszow e Varsóvia que não pediriam mais. Então, ao invés de reclamar, é melhor eles me agradecerem”, disse Lukashenko, de acordo com o site independente Meduza.
De toda forma, na semana passada a Polônia anunciou um aumento significativo no envio de tropas para sua fronteira com Belarus, passando de dois mil para dez mil soldados. Segundo Mariusz Blaszczak, ministro da Defesa polonês, quatro mil soldados serão diretamente envolvidos no apoio à guarda de fronteira, enquanto seis mil permanecerão na reserva, realizando treinamentos na área.
Em agosto, Varsóvia também acusou dois helicópteros das forças armadas belarussas de violarem o espaço aéreo polonês durante manobras militares. Devido ao incidente, o governo polonês anunciou o envio de “forças e recursos adicionais, incluindo helicópteros de combate”, à região de fronteira, de acordo com a agência Reuters.