Polônia denuncia violação de seu espaço aéreo por Belarus e amplia tensão na fronteira da Otan

Varsóvia acusou dois helicópteros belarussos de violarem sua fronteira, notificou a aliança militar e aumentou a prontidão de suas tropas da região

A Polônia acusou, na terça-feira (1º), dois helicópteros das forças armadas belarussas de violarem o espaço aéreo polonês durante manobras militares. A afirmação foi refutada por Minsk, mas ainda assim bastou para ampliar mais um pouco a tensão na região, que marca a linha divisória entre Belarus, importante aliado da Rússia, e a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

Segundo o site The Defense Post, o governo polonês inicialmente negou que as duas aeronaves tivessem violado o espaço aéreo do país, que é membro tanto da Otan quanto da União Europeia (UE). Mais tarde, porém, se retratou e confirmou a irregularidade, dizendo ter notificado a aliança militar transatlântica.

“Houve uma violação do espaço aéreo polonês por dois helicópteros belarussos que estavam treinando perto da fronteira”, disse o Ministério da Defesa polonês em um comunicado. “A violação ocorreu na área de Bialowieza em uma altitude muito baixa, dificultando a detecção por sistemas de radar.”

Helicóptero modelo Mi-24 das forças armadas de Belarus, imagem de janeiro de 2010 (Foto: WikiCommons)

Cidadãos poloneses que vivem nas proximidades da cidade de Bialowieza, bem perto da fronteira com Belarus, se anteciparam ao governo e usaram as redes sociais para reportar a violação.

Devido ao incidente, o governo polonês anunciou o envio de “forças e recursos adicionais, incluindo helicópteros de combate”, à região de fronteira, de acordo com a agência Reuters. Varsóvia também convocou o encarregado de negócios de Belarus no país para que oferecesse explicações.

A acusação, no entanto, foi refutada por Belarus, dizendo que a Polônia mudou de opinião sob influência ocidental, pois teria formalizado a acusação “aparentemente após consultar seus mestres no exterior”, referência clara à Otan.

“Esta declaração não foi apoiada por dados da Polônia”, disse Minsk através do aplicativo de mensagens Telegram. “O Ministério da Defesa de Belarus vê isso como um ‘conto da carochinha’ e observa que não houve violações de fronteira por helicópteros Mi-8 e Mi-24.”

Tensão na fronteira

As forças armadas polonesas estão em alerta na fronteira com Belarus desde que o país vizinho aceitou receber os combatentes do Wagner Group após o motim frustrado que eles protagonizaram na Rússia em junho. Estimativa divulgada pelo grupo belarusso de monitoramento Belaruski Hajun, no final de junho, indicava que há entre 3.450 e 3.650 mercenários no território belarusso.

Também no final do mês passado, o presidente belarusso Alexander Lukashenko chegou a fazer uma ameaça velada à Polônia. Em reunião com o homólogo russo Vladimir Putin, em São Petesburgo, o ditador de Belarus disse que os combatentes do Wagner pediram para “fazer uma excursão a Varsóvia, a Rzeszow”, citando cidades polonesas.

Nesta terça, entretanto, Lukashenko afirmou que a declaração dada no encontro com Putin, sobre a “excursão” à Polônia, foi apenas brincadeira, uma forma de ele manifestar apoio aos mercenários devido às baixas do Wagner na guerra da Ucrânia.

O ditador disse que a Polônia é um dos principais fornecedores de armas para as tropas ucranianas, e na verdade ele faz um favor a Varsóvia e à Otan ao manter o Wagner sob controle em Belarus.

“Portanto, deixe os outros rezarem para que os mantenhamos aqui e cuidemos deles, mais ou menos. Caso contrário, eles se infiltrariam por lá e dariam um golpe tão grande em Rzeszow e Varsóvia que não pediriam mais. Então, ao invés de reclamar, é melhor eles me agradecerem”, disse Lukashenko, segundo o site independente Meduza.

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