Promotoria pede mais 20 anos de prisão em ação contra Navalny por ‘extremismo’

Rival doméstico de Putin, que atualmente cumpre pena superior a 11 anos na Rússia, está novamente no banco dos réus

Os promotores que atuam no mais recente caso contra Alexei Navalny, que lidera a oposição política ao presidente russo Vladimir Putin, pediram uma pena de 20 anos de prisão contra o réu, que vem sendo julgado por “extremismo”. As informações são do jornal independente The Moscow Times.

Atualmente, Navalny cumpre pena de nove anos de prisão em uma colônia penal de alta segurança, e uma nova condenação pode deixá-lo encarcerado por um total de quase 30 anos. O veredito deve ser anunciado em 4 de agosto.

As atuais acusações, apresentadas em abril de 2022, incluem os crimes de promover o terrorismo, apelar publicamente ao extremismo, financiar atividades extremistas e reabilitar o nazismo. Estariam ligadas a vídeos publicados pela equipe dele no YouTube.

Através do Telegram, um dos muitos canais atualizados por seguidores de Navalny, foram reproduzidas algumas das manifestações dele no tribunal. No discurso, o rival de Putin se concentrou em criticar a invasão da Ucrânia, dizendo que a Rússia desperdiçou todo avanço que havia conseguido em anos anteriores.

“Minha Rússia deu vários saltos grandes, carregando todos ao redor. Mas depois escorregou e, com um estrondo, destruindo tudo ao redor, desabou”, disse ele. “E agora ela está se debatendo em uma poça de lama ou sangue, com ossos quebrados, com uma população pobre e roubada, e dezenas de milhares daqueles que morreram na guerra mais estúpida e sem sentido do século 21 estão por aí.”

Alexei Navalny, oposicionista do presidente Vladimir Putin (Foto: reprodução/Instagram)
Por que isso importa?

Navalny ganhou destaque ao organizar manifestações e concorrer a cargos públicos na Rússia. A rede dele chegou a ter 50 sedes regionais em toda a Rússia e, entre outras ações, denunciava casos de corrupção envolvendo o governo Putin e figuras importantes ligadas a ele. Isso levou o Kremlin a agir judicialmente para proibir a atuação do opositor, que então passou a ser perseguido.

Em agosto de 2020, durante viagem à Sibéria, Navalny foi envenenado e passou meses se recuperando em Berlim. Ele voltou a Moscou em 17 de janeiro de 2021 e foi detido no aeroporto. Um mês depois, foi julgado e condenado por violar uma sentença suspensa de 2014, sob acusação de fraude. Promotores alegaram que ele não se apresentou regularmente à polícia em 2020, justamente quando estava em coma pela dose tóxica.

Encarcerado em uma colônia penal de alta segurança, ele chegou a fazer uma greve de fome de 23 dias em abril de 2021, para protestar contra a falta de atendimento médico. Depois, em junho daquele ano, um tribunal russo proibiu os escritórios regionais de Navalny e sua Fundação Anticorrupção (FBK) de funcionarem, classificando-os como “extremistas”.

Nos meses seguintes, novas acusações surgiram contra o rival de Putin. Em janeiro de 2022, ele foi incluído na lista de “terroristas e extremistas” do Serviço Federal de Monitoramento Financeiro da Rússia. No dia 22 de março do ano passado, foi julgado por peculato e desacato, com o tempo de detenção ampliado para 11 anos e meio.

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