Promotoria russa pede mais 13 anos de prisão para Alexei Navalny

Equipe do oposicionista diz ter registros de chamadas telefônicas que conectam o Kremlin à juíza responsável pelo caso

A Promotoria russa pediu, nesta terça-feira (15), mais 13 anos de prisão para o opositor do Kremlin Alexei Navalny. O adversário de Vladimir Putin está preso em Moscou desde janeiro de 2021, condenado a dois anos e meio de prisão por violar uma sentença suspensa de 2014, sob acusação de fraude. As informações são do jornal independente The Moscow Times.

Desde que foi detido, a Justiça russa tenta ampliar a pena de Navalny, tendo iniciando diversos processos contra ele no ano passado. A equipe do político apresentou uma investigação em que alega ter obtido registros de chamadas que supostamente mostram o chefe do departamento de relações públicas do Kremlin em conversas com a juíza responsável pelo caso, Margarita Kotova, antes e durante o julgamento do oposicionista, que teve início no mês passado.

Alexei Navalny, oposicionista do presidente Vladimir Putin (Foto: reprodução/Instagram)

O assessor-chefe de Navalny, Leonid Volkov, disse que a sentença do principal rival do governo russo é de conhecimento de todos: prisão perpétua. “Até que a vida de uma das duas pessoas acabe: a de Navalny ou a de Vladimir Putin . Ele está superestimando suas próprias habilidades”.

As acusações que pesam contra o maior rival político do presidente russo são de peculato, dentro da extinta Fundação Anticorrupção (FBK) que ele comandava, e de desacato a um tribunal moscovita.

O oposicionista é acusado de se apropriar de cerca de US$ 4,7 milhões em doações que haviam sido destinadas à FBK. Já o desacato teria ocorrido durante uma de suas audiências no ano passado. Navalny diz que as acusações têm teor meramente político, pelo fato de ele denunciar a corrupção no governo Putin.

Por que isso importa?

Navalny ganhou destaque ao organizar manifestações e concorrer a cargos públicos na Rússia. A principal plataforma do oposicionista é o combate à corrupção no governo de Vladimir Putin, em virtude da qual ele uma cobra profunda reforma na estrutura política do país.

Em agosto de 2020, durante viagem à Sibéria, Navalny foi envenenado e passou meses se recuperando em Berlim. Ele voltou a Moscou em 17 de janeiro de 2021 e foi detido ainda no aeroporto. Um mês depois, foi julgado e condenado a dois anos e meio de prisão por violar uma sentença suspensa de 2014, sob acusação de fraude. Promotores alegaram que ele não se apresentou regularmente à polícia em 2020, justamente quando estava em coma pela dose tóxica.

Encarcerado em uma colônia penal de alta segurança, ele chegou a fazer uma greve de fome de 23 dias em abril de 2021, para protestar contra a falta de atendimento médico. Depois, em junho, um tribunal russo proibiu os escritórios regionais de Navalny e sua fundação, a FBK, de funcionarem, classificando-as como “extremistas”.

Em agosto do ano passado, a Justiça russa abriu uma nova acusação criminal contra o oposicionista, o que poder ampliar a sentença de prisão dele em três anos. Ele foi acusado de “incentivar cidadãos a cometerem atos ilegais”, por meio da FBK que ele criou.

Já em setembro de 2021, uma terceira acusação, por “extremismo”, ameaça estender o encarceramento por até uma década, sendo mantido sob custódia no mínimo até o fim da próxima eleição presidencial, em 2024, quando chega ao fim o atual mandato de seis anos de Vladimir Putin no Kremlin.

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