Romênia expulsa do país 40 funcionários da missão diplomática da Rússia

Bucareste explicou que a decisão “reflete o atual nível das relações bilaterais" e citou a guerra da Ucrânia como justificativa

Um voo partiu de Bucareste, capital da Romênia, no sábado (1º), com cerca de 40 funcionários da missão diplomática da Rússia e seus familiares. Eles tiveram que ir embora devido a uma decisão do governo romeno, segundo informou a rede Radio Free Europe (RFE).

O Ministério das Relações Exteriores da Romênia alegou que a expulsão dos russos “reflete o atual nível das relações bilaterais, no contexto do lançamento por parte da Federação Russa da guerra de agressão contra a Ucrânia.”

Os russos, 11 diplomatas e 29 funcionários do setor técnico-administrativo, deixaram Bucareste em um avião civil especialmente designado por Moscou. O pedido para que fossem embora foi feito no dia 8 de junho, com prazo de um mês para que a ordem fosse cumprida.

Para pousar e decolar, a aeronave precisou de uma autorização especial baseada na Convenção de Viena que regula as relações diplomáticas. Isso porque a Rússia está sob sanção, e vossos comerciais provenientes e destinados ao país não podem fazer ligação com a União Europeia (UE).

Com a saída das 40 pessoas, a missão diplomática da Rússia na Romênia foi reduzida em mais da metade, de acordo com o jornal independente The Moscow Times.

Embaixada da Rússia em Bucareste, Romênia, agosto de 2012 (Foto: WikiCommons)
Combate à espionagem russa

Embora a Romênia não tenha relacionado a expulsão dos russos à espionagem, esse é um problema crescente na Europa e está diretamente ligado à diplomacia. Episódios como o envenenamento do ex-agente russo Sergei Skripal, no Reino Unido, afastam cada vez mais as nações do continente de Moscou, um vão diplomático que aumentou com a guerra na Ucrânia.

Nos últimos anos, centenas de diplomatas russos foram expulsos de países europeus sob a acusação de que vinham atuando como espiões disfarçados. Ken McCallum, diretor do MI5, o serviço de inteligência doméstica britânica, calculou em novembro do ano passado que mais de 600 russos foram obrigados a deixar países europeus nessas condições.

“Isso foi o golpe estratégico mais significativo contra os serviços de inteligência russos na história recente da Europa”, disse McCallum na ocasião. “E, junto com ondas coordenadas de sanções, a escalada pegou (o presidente russo Vladimir) Putin de surpresa.”

Somente no Reino Unido, mais de cem pedidos de vistos diplomáticos feitos por Moscou foram rejeitados desde 2018, quando o Skripal e a filha dele, Yulia, foram envenenados em Salisbury, sul da Inglaterra. A inteligência russa foi acusada de coordenar a ação, embora Moscou até hoje negue envolvimento.

A tentativa de assassinato contra o homem comprometeu as relações diplomáticas entre os governos britânico e russo e levou à primeira onda de expulsões de diplomatas suspeitos de atuarem como espiões. De lá para cá, diversos países europeus também detectaram membros do corpo diplomático russo que exerciam atividades incompatíveis com suas funções e igualmente os forçaram a ir embora.

Outro país que iniciou uma dura campanha de combate à espionagem russa foi a Alemanha, que no ano passado registrou um aumento considerável das atividades de inteligência de Moscou no país. Nesse sentido, relatório divulgado na semana passada pelo Escritório Federal para a Proteção da Constituição (BfV, na sigla em alemão), o serviço de inteligência doméstico, destaca as campanhas de desinformação como principal arma russa em solo alemão, embora atos de sabotagem também estejam em alta.

A Alemanha é o país com maiores população e economia dentro da União Europeia (UE), o que a torna forte influenciadora no bloco e ajuda a explicar o interesse de Moscou pelo país. De acordo com Thomas Haldenwang, que chefia o BfV, há um “grande número de agentes” russos na Alemanha, quase sempre próximos a pessoas poderosas.

Nos últimos anos, para conter o problema, o governo alemão também expulsou dezenas de supostos diplomata russos acusados de atuarem como espiões disfarçados. No final de maio deste ano, Berlim ainda anunciou que quatro dos cinco consulados da Rússia no país teriam suas licenças revogadas, sendo, portanto, fechados.

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