O vocalista de uma conhecida banda de rock russa, que anteriormente condenou a guerra de Moscou contra Kiev, realizou uma visita surpresa à região leste da Ucrânia ocupada, onde fez uma pequena apresentação para os soldados invasores. As imagens foram divulgadas por blogueiros pró-guerra na segunda-feira (21). As informações são do jornal The Moscow Times.
Roman Bilyk, conhecido artisticamente como Roma Zver, é o líder da banda Zveri, formada em 2001 na cidade de Taganrog, situada no nordeste do mar de Azov.
Após o início do conflito em fevereiro de 2022, a banda havia feito um apelo pelo término das hostilidades em sua página no Facebook. Ao mesmo tempo, Bilyk havia manifestado sua oposição pessoal à guerra em sua conta no Instagram. No entanto, ambas as postagens foram removidas.
Um vídeo divulgado pelo canal pró-guerra WarGonzo no Telegram na segunda-feira apresenta Bilyk usando capacete e colete à prova de balas, observando os disparos da artilharia russa. Logo depois, o vídeo corta para o músico tocando seu violão para uma unidade militar estacionada na região de Donetsk, no leste da Ucrânia.
Semyon Pegov, o criador do WarGonzo, elogiou a performance de Bilyk, a qual definiu como “verdadeiro rock’n’roll”. Ela ainda observou que os soldados estão inclinados a perdoar o cantor por suas declarações anteriores contrárias à guerra.
Музыкант Рома “Зверь” съездил на Донбасс и выступил перед рашистами.
— LaraFilinskayaUkraine🇺🇦 (@LaraFilinni) August 21, 2023
После 24 февраля группа “Звери” выступила против СВО.
О поездке Ромы Билыка в зону боевых действий сообщил пропагандистский проект WarGonzo. Утверждается, что артист выступил перед бойцами ОБТФ “Каскад” pic.twitter.com/G18VWy40tn
Diversos artistas russos que se manifestaram publicamente contra a invasão da Ucrânia enfrentaram respostas negativas, incluindo o cancelamento de suas apresentações.
A própria banda Zveri experimentou isso quando sua participação programada no Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo em junho foi subitamente cancelada devido a uma queixa de um funcionário em relação às declarações antiguerra feitas por Bilyk.
De ascendência russa e filho de um pai ucraniano, Bilyk cresceu em Mariupol. A cidade foi tomada pelas forças russas em maio do ano passado, após um cerco devastador que resultou em danos significativos e alegações de crimes de guerra.
Artistas contra a guerra
Bilyk não foi o primeiro artista russo a se posicionar contra a guerra. Há cerca de um ano, a banda de rock Splean teve um show cancelado pelas autoridades locais porque, durante uma apresentação anterior, havia dedicado uma música a colegas que deixaram a Rússia devido à guerra.
Já o rapper Oxxxymiron entrou na lista de “agentes estrangeiros” por ter se manifestado contra o conflito. O artista, que classificou a agressão como “uma catástrofe e um crime”, cancelou a turnê que faria pela Rússia, deixou o país e passou a realizar shows de protesto em lugares como Turquia, Alemanha e Reino Unido. Parte da renda das apresentações foi dedicada a apoiar vítimas do conflito.
Outra figura bastante popular rotulada por Moscou como “agente estrangeiro” foi o escritor Dmitry Glukhovsky, autor do livro de ficção Metro 2033 (editora Planeta), que deu origem a um popular jogo de videogame. Ele chegou a ser julgado e condenado à revelia sob a acusação de “desacreditar as forças armadas“.