Russo é condenado a 11 anos de prisão por participação nos protestos em Belarus

Yegor Dudnikov é acusado de ter preparado materiais online sobre as manifestações populares contra os resultados da eleição presidencial

A Justiça de Minsk, em Belarus, condenou a 11 anos de prisão o cidadão russo Yegor Dudnikov, sob a acusação de participar da divulgação das manifestações populares ocorridas em 2020 contra o presidente Alexander Lukashenko. As informações são da Radio Free Europe.

Dudnikov é acusado de ter preparado materiais online sobre as manifestações populares contra os resultados oficiais da eleição presidencial de agosto de 2020, que deu a Lukashenko um sexto mandato consecutivo. A oposição alega fraude no pleito, o que levou a uma onda de protestos no país duramente reprimidos pelo governo.

De acordo com os investigadores, entre janeiro e maio de 2021, Dudnikov fez ao menos 55 postagens sobre os protestos, através do aplicativo de troca de mensagens russo Telegram. Os canais em que ele publicou eram administrados pelos chamados Grupos de Autodefesa Cívica de Belarus (OGSB), uma organização rotulada de extremista e proibida no país em virtude do protagonismo nas manifestações.

Dudnikov, de 21 anos, alega que a polícia o espancou severamente após sua prisão, por supostamente incitar o ódio e promover ações com o intuito de prejudicar Belarus.

Yegor Dudnikov, cidadão russo condenado a 11 anos de prisão em Belarus (Foto: reprodução/Twitter)

Por que isso importa?

Belarus testemunha uma crise de direitos humanos sem precedentes, com fortes indícios de desaparecimentos, tortura e maus-tratos como forma de intimidação e assédio contra seus cidadãos. Dezenas de milhares de opositores ao regime de Lukashenko, no poder desde 1994, foram presos ou forçados ao exílio desde as controversas eleições no ano passado.

O presidente, chamado de “último ditador da Europa”, parece não se incomodar com a imagem autoritária, mesmo em meio a protestos populares e desconfiança crescente após a reeleição de 2020, marcada por fortes indícios de fraude. A porta-voz do presidente, Natalya Eismont, chegou a afirmar em 2019, na televisão estatal, que a “ditadura é a marca” do governo de Belarus.

Desde que os protestos começaram, após o controverso pleito, as autoridades do país têm sufocado ONGs e a mídia independente, parte de uma repressão brutal contra cidadãos que contestam os resultados oficiais da votação. Ativistas de direitos humanos dizem que mais de 800 pessoas são atualmente prisioneiros políticos no país.

O desgaste com o atual governo, que já se prolonga há anos, acentuou-se em 2020 devido à forma como ele lidou com a pandemia, que chegou a chamar de “psicose”. Em determinado momento, o presidente recomendou “vodka e sauna” para tratar a doença.

Nos últimos meses, Belarus passou a sofrer acusações também da União Europeia (UE), por patrocinar a tentativa de migrantes e deslocados ingressarem no bloco. São expatriados do Oriente Médio, do Sudeste Asiático e da África que tentam cruzar as fronteiras com Polônia, Lituânia e Estônia.

As autoridades belarussas negam as acusações e direcionam ataques à UE, usando como argumento o fato de que Bruxelas não estaria oferecendo passagem segura aos migrantes, que estariam enfrentando um frio congelante enquanto os países medem forças.

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