As autoridades suecas estão investigando a possível sabotagem de dois cabos submarinos de fibra óptica no Mar Báltico, ocorrida nos dias 17 e 18 de novembro de 2024. Um navio chinês, identificado como Yi Peng 3, é considerado de interesse na investigação, pois sua rota coincidiu com as áreas e horários dos danos. As informações são do jornal The Guardian.
O ministro sueco de Proteção Civil, Carl-Oskar Bohlin, afirmou que “a Guarda Costeira e as Forças Armadas Suecas foram capazes de determinar, com a ajuda de seus sensores, que há movimentos de navios acima dessas localizações que correspondem no tempo e no espaço com as rupturas”.
Por sua vez, a Marinha dinamarquesa está acompanhando de perto o Yi Peng 3, que atualmente se encontra ancorado próximo à ilha de Zelândia, na Dinamarca.
Os cabos danificados conectam a Suécia à Lituânia, e a Finlândia à Alemanha, sendo essenciais para as comunicações na região. As interrupções ocorreram em águas da zona econômica exclusiva sueca, levantando preocupações sobre a segurança das infraestruturas críticas no Báltico.
O ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, classificou os incidentes como possíveis atos de “guerra híbrida” e “sabotagem”. A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, declarou que, “se a avaliação imediata é que é um sabotagem e que vem de fora, então obviamente é algo muito sério”.
As investigações estão em andamento, com a Marinha sueca analisando o leito marinho nas áreas afetadas. Enquanto isso, o Yi Peng 3 permanece sob vigilância das autoridades dinamarquesas, que ainda não divulgaram detalhes adicionais sobre a investigação.
Esses eventos ocorrem pouco mais de um ano após danos semelhantes em um gasoduto submarino entre Finlândia e Estônia, atribuídos a outro navio chinês. Na ocasião, o Balticconnector e dois cabos de telecomunicações foram danificados, com danos estimados em 300 milhões de euros (R$ 1,83 bilhão em valores atualizados).
Uma investigação conduzida pelo governo finlandês atribuiu a responsabilidade a um navio cuja âncora foi encontrada na região. Mais tarde, o governo da China admitiu que um navio com bandeira de Hong Kong foi responsável, mas afirmou ter se tratado de um acidente.
Rússia sob suspeita
Embora neste caso a China seja o centro as atenções, é a Rússia quem normalmente gera maior preocupação entre as nações ocidentais. No início do mês, Mark Rutte, novo chefe da aliança militar transatlântica, reforçou as alegações de seu antecessor, Jens Stoltenberg, ao afirmar que operações híbridas por parte de Moscou estão se intensificando.
“A Rússia está conduzindo uma campanha cada vez mais intensa de ataques híbridos em nossos territórios aliados, interferindo diretamente em nossas democracias, sabotando a indústria e cometendo violência”, disse Rutte durante visita à Alemanha.
Segundo o ex-primeiro-ministro da Holanda, que assumiu o comando da aliança no dia 1º de outubro, ataques do gênero permitem a Moscou agredir os países da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) sem necessariamente desencadear um confronto militar.
A Alemanha tem sido o alvo preferencial de Moscou, registrando inúmeros episódios de espionagem, ataques cibernéticos e sabotagem atribuídos a agentes russos. O país tem as maiores população e economia dentro da União Europeia (UE), o que o torna forte influenciador no bloco, inclusive em questões referentes a Moscou.