Suécia precisa se preparar para um eventual ataque da Rússia, alerta relatório

Comitê especial do parlamento sueco diz que guerra na Ucrânia pode atingir outros países, entre eles a nação escandinava

A Suécia precisa estar preparada militarmente para se defender de um eventual ataque russo, hipótese que “não pode ser excluída” no momento. É o que aponta um relatório apresentado na segunda-feira (19) ao parlamento sueco por um comitê especialmente designado, segundo informa o site The Defense Post.

O documento, intitulado “Tempos Sérios”, afirma que “um ataque armado contra a Suécia não pode ser excluído”. E reforça a importância de o país ingressar na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), adesão que continua sendo bloqueada pela Turquia.

Soldado das forças armadas da Suécia no Afeganistão (Foto: Swedish forces in Afghanistan/WikiCommons)

A comissão que preparou o relatório foi composta por especialistas do setor militar e políticos locais. Hans Wallmark, político conservador que liderou o grupo, destacou o atual envolvimento de Moscou em “longo conflito com todo o mundo ocidental”.

O relatório sugere que a guerra na Ucrânia pode atingir outros países futuramente, inclusive com o risco de que armas nucleares sejam usadas. Cita também Beijing, aliada de Moscou que, embora não tenha participação ativa na guerra europeia, protagoniza crises semelhantes em outros focos de tensão, como Taiwan e o Mar da China Meridional.

“A invasão russa à Ucrânia e as crescentes reivindicações territoriais da China mostram que o uso do poderio militar em conflitos por território é mais uma vez uma realidade”, diz o documento, reforçando que o país escandinavo estaria “melhor defendido pela Otan”.

O ex-ministro da Defesa Peter Hultqvist, membro da comissão, destaca que seu país está hoje em posição muito melhor que em outros tempos, pois aumentou sua prontidão de defesa. Porém, projeta que seriam necessários cerca de dez mil novos reservistas por ano para as forças armadas estarem em condições ideais entre 2025 e 2030. Atualmente, o ingresso anual de novos soldados varia entre cinco mil e seis mil.

“A política sueca de segurança e defesa deve ser projetada para lidar com a ameaça de longo prazo que a Rússia representa para a segurança europeia e global”, diz o documento, de acordo com a agência Reuters.

Otan segue distante

Quanto ao ingresso na Otan, o impasse persiste, sem projeção de ser solucionado. Para ingressar na aliança militar transatlântica, um país precisa de aprovação unânime dos membros. No caso da Suécia, faltam os avais de Turquia e Hungria.

Desde maio de 2022, o presidente turco Recep Erdogan vem se mostrando um obstáculo nas pretensões suecas. Ele cobra do país escandinavo uma postura mais clara sobre o que Ancara considera “terrorismo”, referindo-se à tolerância sueca com indivíduos acusados de serem membros de milícias curdas.

Na negociação pelo “sim” de Ancara”, Estocolmo cedeu parcialmente às exigência ao anunciar, em dezembro de 2022, a extradição de Mahmut Tat, acusado de pertencer ao PKK (Partido dos Trabalhadores Curdos), grupo considerado extremista por Turquia, EUA e União Europeia (UE).

No início de junho, a Promotoria de Justiça sueca também apresentou formalmente denúncia contra um cidadão turco acusado de ligação com o PKK. O país ainda aprovou uma lei que reduz consideravelmente a tolerância com acusados de extremismo. Porém, outras demandas não foram atendidas, e Estocolmo já afirmou mais de uma vez que não vai interferir em decisões do Judiciário só para agradar Ancara.

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