Turquia recebe representantes da UE para ‘conciliação’ após conflitos diplomáticos

Bruxelas acenou com reaproximação depois que Erdogan recuou em disputa marítima com a vizinha Grécia, em março

O encontro entre os principais funcionários da UE (União Europeia) e o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, em Ancara, nesta terça (6), inaugura uma tentativa de conciliação bilateral em meio ao recentes conflitos diplomáticos que azedaram a relação entre as duas potências.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, acenaram com uma visita à Turquia depois que, em março, Erdogan retirou os navios ancorados nas águas reivindicadas pela Grécia e Chipre e iniciou as primeiras negociações marítimas com Atenas desde 2016. O imbróglio entre gregos e turcos começou em agosto de 2020.

Com a saída turca dos territórios marítimos disputados, porém, o bloco retirou ameaças de sanções e concordou em auxiliar Ancara, candidata formal à adesão da UE desde dezembro de 1999. O processo está paralisado.

Ainda em março, a UE se disse pronta para se envolver com a Turquia de “maneira gradual, proporcional e reversível”. O objetivo é oferecer novos incentivos aos turcos e, assim, “melhorar a cooperação”, apontou a Associated Press.

Reunião de UE e Turquia pode inaugurar conciliação após recuo mútuo
Registro do encontro dos líderes da UE, Charles Michel e Ursula von der Leyen, e o presidente da Turquia, Recep Erdogan (centro), em 6 de abril de 2021 (Foto: Reprodução/Twitter/Charles Michel)

Questões sensíveis

Os líderes já encarregaram uma comissão executiva para atualizar o acordo sobre migrações entre a UE e a Turquia, assinado em 2016. O documento pede que Ancara impeça refugiados e migrantes de chegar à Europa.

Em troca, a Comissão Europeia manteria um financiamento aos quatro milhões de refugiados no território turco, a maioria vinda da Síria. Um fonte do governo da Turquia disse à agência France 24 que a UE entregou 3,7 bilhões de euros, quando o prometido chegava a 6 bilhões.

Enquanto isso, Bruxelas acusa Ancara de não cumprir seu compromisso em aceitar a deportação dos migrantes que chegam à Europa de volta para a Turquia. A UE também deve questionar Erdogan sobre a democracia e os direitos humanos no país.

O presidente turco tirou o país da Convenção de Istambul, de combate à violência contra as mulheres. Erdogan também é acusado de perseguição e tentativa de dissolução do principal partido pró-curdo do país. Um nova reunião entre UE e Turquia está programada para junho.

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